
O prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT), é citado nos pedidos de inquérito enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a instâncias judiciais inferiores, com base em delações de ex-executivos da Odebrecht. Segundo os delatores, ele teria atuado no repasse de contribuições indevidas para campanhas de candidatos do partido.
Ao todo, o ministro Edson Fachin enviou quatro petições que mencionam Edinho, ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, à Procuradoria Regional da República da 3ª Região, que decidirá pela abertura, ou não, de investigação.
Petições
Uma das petições, de número 6.803, se baseia nos depoimentos do executivo Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, um dos delatores da Odebrecht. Ele relata o pagamento de vantagens indevidas, não contabilizadas, na campanha de Dilma em 2014. Os repasses teriam sido implementados por intermédio do assessor Manoel Araújo Sobrinho a pedido de Edinho.
Edinho Silva (PT) é mencionado em quatro petições (Foto: Reprodução/EPTV) Edinho Silva (PT) é mencionado em quatro petições (Foto: Reprodução/EPTV)
Edinho Silva (PT) é mencionado em quatro petições (Foto: Reprodução/EPTV)
Outra petição, de número 6.692, diz que Alencar apontou a mesma situação de suposta irregularidade nas campanhas de outros dois políticos do PT, Lúdio Frank Mendes Cabral, candidato ao governo do Mato Grosso em 2014, e Mariton Benedito de Holanda, o Padre Ton, presidente do diretório estadual do PT em Rondônia.
O prefeito também é citado nos depoimentos de Benedito Barbosa da Silva Junior e Carlos Armando Guedes Paschoal, outros executivos da empresa. Segundo a petição 6.673, eles disseram em suas delações que o grupo pagou vantagens não contabilizadas para a campanha de Aloizio Mercadante ao governo estadual, em 2010, e que o repasse foi feito a pedido de Edinho.
Já a quarta petição, de número 6.647, se baseia no depoimento do delator Rogério Santos de Araújo. Ele afirmou que a aprovação de aditivos contratuais entre o Grupo Odebrecht e a Petrobras foi condicionada ao pagamento de vantagens indevidas, que teriam sido recebidas por Edinho.
O que dizem os citados
A assessoria de imprensa de Edinho Silva afirmou que todas as doações de campanha ocorreram dentro da legalidade e foram declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A assessoria de imprensa de Manoel de Araújo Sobrinho afirmou em nota que ele tinha função burocrática na campanha Dilma/Temer 2014, sendo responsável por providenciar a documentação necessária para que o processo de doação se realizasse. Segundo a assessoria, Manoel só participou de diálogos com representantes da empresa Odebrecht para documentar as doações que, reforça, estão declaradas e aprovadas pelo TSE.
Padre Ton afirmou ao G1 que foi candidato ao Governo do Estado de Rondônia em 2014, mas não teve apoio do partido nem em termos presenciais nem no tocante a recursos. Ele afirmou que sua campanha foi a que menos gastou e que considera de uma irresponsabilidade muito grande terem vinculado seu nome a supostos repasses.
A reportagem entrou em contato com o Diretório do Partido dos Trabalhadores do Mato Grosso e foi informada que o contato de Lúdio Frank Mendes Cabral não estava registrado. A equipe do diretório afirmou que tentaria disponibilizar o número, mas ainda não o obteve. O Diretório Nacional do PT não atendeu as ligações.
Em nota, a assessoria de imprensa de Mercadante disse desconhecer o teor das acusações. “As contribuições para as campanhas do ex-ministro, Aloizio Mercadante, sempre ocorreram dentro da legalidade, sendo todas as prestações de contas transparentes e aprovadas pela justiça eleitoral. O ex-ministro reafirma que nunca delegou ou aceitou contribuições não oficiais para suas campanhas e está à inteira disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários”, diz o documento.
(G1 de São Carlos e Araraquara)