RELIGIÃO | Dom Paulo Cezar Costa completa um ano no Governo da Diocese de São Carlos
Bispo da Igreja Católica Apostólica Romana tem a preocupação de promover a dignidade humana e anseia uma Igreja em saída, promotora da cultura do encontro.
Neste domingo, 06, Dom Paulo Cezar Costa [foto] celebra seu primeiro ano de Episcopado à frente da centenária Diocese de São Carlos.
Ao tomar posse canônica, em 06 de agosto do ano passado, na Catedral de São Carlos Borromeu, o 7º Bispo de São Carlos pediu aos fiéis para rezarem pelo seu pastoreio: “Tenho certeza de que entro numa Igreja que possui uma grande tradição, uma história e uma caminhada. Entro com a disposição de vos conhecer, amar e doar o melhor das minhas forças para que Jesus Cristo possa aí ser mais conhecido, testemunhado e amado”, foram as palavras pronunciadas por Dom Paulo na homilia da sua posse.
O bispo está à frente de uma Igreja Particular com 109 anos, inserida em 29 municípios e 07 distritos e que conta com 157 padres diocesanos e 26 padres religiosos, 43 diáconos permanentes e 75 seminaristas, com um grande rebanho sendo uma população de mais de 01 milhão e 200 mil pessoas.
Em entrevista o bispo, Dom Paulo Cezar Costa, avalia o primeiro ano de Episcopado na Diocese de São Carlos.
Como o senhor avalia o primeiro ano de ministério episcopal na Diocese de São Carlos?
Avalio de forma positiva, assumir uma diocese antes de tudo, é assumir um povo, um rebanho que o Senhor, através do Papa Francisco, me confiou. Então vim para São Carlos com uma atitude de fé, abertura e disposição de dar o melhor de mim.
Encontrei também uma igreja aberta, padres e leigos generosos, bons. Pessoas doando a vida com alegria. Entrei na vida desta igreja com muita alegria e muita disposição, deixei me conduzir pelo Espírito Santo, e o Senhor, na sua bondade, colocou tantas pessoas que têm me ajudado nesta caminhada.
Graças a Deus, neste ano já consegui visitar quase todas as paróquias de nossa diocese, já podendo retornar várias vezes a algumas, e sentindo a alegria da doação das pessoas, a generosidade dos nossos padres.
Acredito que já estou conseguindo inserir um ritmo mais meu de trabalho, uma proposta para vida pastoral e organizativa da diocese.
Muitas coisas aconteceram, instalei o Tribunal Eclesiástico, criei os Vicariatos Episcopais e ordenei oito novos padres para nossa Diocese de São Carlos. Além de ter crismado diversos jovens e adultos, em breve, estaremos reinaugurando o Seminário Propedêutico. Eu sinto que aos poucos o Senhor vai realizando a sua obra, já tinha feito tanto antes de mim e através de mim continua fazendo e realizando projetos na vida desta bela igreja particular de São Carlos.
Como está sendo o convívio com os padres, as comunidades paroquiais e todo o povo de Deus presente nesta Diocese?
Muito positivo, o povo e sacerdotes bons e generosos que doam suas vidas com alegria, um convívio muito positivo, de pastor e ovelha.
Mas também um convívio de irmãos, onde encontro as pessoas e sinto que também sou encontrado pelas pessoas, um convívio leve, tranquilo. Busco fazer com que todos se doem com alegria, isto me faz ter mais disposição para a vida na igreja de São Carlos.
A Diocese está em fase de avaliação e preparação para a 15ª Assembleia Diocesana de Pastoral, em 2017. Que urgências e desafios sobressaem nesta preparação?
A assembleia deve ser um momento onde envolvemos todo o povo de Deus, padres, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas, leigos e leigas, num processo bonito de discussão, para a preparação do nosso plano pastoral.
É claro, temos duas urgências que estamos trabalhando: a palavra de Deus, a centralidade da palavra de Deus na vida da nossa igreja, na vida das nossas pastorais e movimentos, a centralidade da palavra de Deus na vida de cada pessoa, isso para nós é fundamental, é a percepção, convicção, que a palavra de Deus formou no decorrer dos séculos, homens e mulheres livres, maduros e operantes e que ela continue realizando também hoje. Porque só a palavra nos coloca em contato com o mistério de Cristo, a palavra vai formando o nosso coração de discípulos e quando trabalhamos ela, estamos em sintonia com aquilo que a Igreja de forma universal vem propondo , a palavra que ilumina a vida das pastorais e movimentos e a vida de cada pessoa .
O segundo elemento é a questão de uma igreja missionária, uma igreja que quer sempre estar atenta ao mandato de Jesus, de saída, anunciar o evangelho, uma igreja atenta aos sinais dos tempos.
Nos últimos tempos, desde os documento de Aparecida, já antes a igreja vem debatendo essa questão da missão, o documento de Aparecida fala do discípulo missionário, aquele que encontrou Jesus Cristo, tem a alegria de anunciá-lo, e quem vive de Jesus Cristo anuncia Jesus Cristo . Papa Francisco tem insistido muito numa igreja em saída, e nossas diretrizes pastorais apontam nesta direção, em uma igreja missionaria.
Queremos, escutando a voz do Espírito Santo, também despertar cada vez mais para a missão e passar de uma pastoral de conservação, se é que ainda existe, para uma atitude de abertura para a sociedade, ao mundo e para missão.
Não podemos mais ficar enclausurados em nós mesmos, mas é preciso testemunharmos a nossa fé ao mundo e anunciarmos a beleza de Jesus Cristo. Dar um testemunho bonito de Jesus Cristo, sermos uma igreja que vai ao encontro das diversas realidades, vai ao encontro para anunciar o evangelho, para encontrar as pessoas, nas periferias humanas e existenciais , sendo uma igreja que quer encontrar a todos.
Que avaliação o senhor faz dos trabalhos da 55ª Assembleia Geral da CNBB, de 26 de abril a 05 de maio, em Aparecida?
Foi de extrema relevância. Nós aprovamos um documento muito importante, sobre a Iniciação Cristã, que é um tema importante. Buscarmos pensar no amadurecimento do discípulo missionário, aquele que se encontra com o Cristo, e precisa amadurecer no caminho de fé. Um processo de catecumenato, amadurecimento na fé de nossas crianças, adolescentes, jovens e dos nossos adultos.
Uma igreja que está atenta à iniciação à vida cristã. É possível perceber que este processo bem aplicado forma verdadeiramente cristãos, católicos maduros e discípulos missionários.
A assembleia foi muito importante, além de outros textos aprovados, a convivência entre os bispos, um momento positivo, de reflexão, estudos. Momentos ricos de convivência com os bispos desse imenso Brasil, esse país com essas dimensões continentais, um momento de perceber a vitalidade e o que o Senhor está realizando em cada uma de nossas igrejas.
Em 07 de junho passado celebramos os 109 anos de criação da Diocese de São Carlos. Que mensagem o senhor deixa para os nossos diocesanos?
Uma mensagem de fé e esperança. A nossa diocese é uma diocese centenária. E o senhor já fez tantas coisas aqui, são 109 anos de história. Uma igreja centenária não constrói o presente e o futuro sem história, tantos bispos que já doaram suas vidas aqui, os presbíteros que partiram para casa do Pai e se dedicaram com tanta generosidade a esta diocese.
A história é mestra da vida, é preciso fazer memória, e quando fazemos memória, quando recordamos a beleza da doação de tantas pessoas, e o que o Senhor realizou através delas, ficamos animados também, somos elo de uma grande corrente. Corrente de doação, missão e caminhos bonitos de fé, vividos por tantos antes de nós.
E hoje somos nós chamados a assumir com alegria o caminho da evangelização, missão e santificação, e fazer com que a igreja de São Carlos possa continuar a se doar. E que ela possa continuar a levar à frente o projeto e a missão de Jesus Cristo.
Aos padres, diáconos, leigos, leigas, caminhemos com alegria, busquemos hoje ser fiéis à missão que o Senhor nos confiou, busquemos construir a beleza do reino de Deus.
Dom Paulo chegou com missão de ensinar, santificar e governar o povo de Deus: e ele tem realizado seu governo com grande êxito.
Com seu jeito humano, alegre e tranquilo de trabalhar vem dando segurança e esperança, fazendo com que a Igreja mostre seu rosto e deixe em cada Diocesano a mensagem do Evangelho. Promove, de fato, o pedido do Papa Francisco de ser – uma Igreja em Saída –, incentivando cada batizado a se tornar efetivamente um discípulo missionário.
Conheça Dom Paulo Cezar Costa
Nascido no município de Valença, no Rio de Janeiro, no dia 20 de julho de 1967, Dom Paulo Cezar Costa é filho do casal Geraldo Manoel da Costa Amaral e Maria Alice Miranda Amaral. Sua ordenação sacerdotal foi realizada no dia 05 de dezembro de 1992, na Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro.
Autor de diversos artigos na área teológica e professor da PUC Rio de Janeiro. Em 24 de novembro de 2010, foi nomeado bispo pelo Papa Bento XVI. Com o lema “Tudo suporto pelos eleitos”, Dom Paulo foi ordenado bispo no dia 05 de fevereiro de 2011, na Catedral do Rio de Janeiro, pelas mãos do arcebispo, Dom Orani João Tempesta.
(Da Comunicação da Diocese de São Carlos)