IBATÉ | Aquela senhorinha simpática do Centro de Saúde, era a Dona Diva
Na hora da despedida, do adeus que não tem retorno, sobram as palavras e falta o conforto possível. Nada do que falemos é capaz de confortar ou amenizar a dor que os corações dos entes que ficam, sentem. Pois bem, chegando em casa, agora pouco, recebi a notícia do passamento da Dona Diva Chiuzi, para o reino dos céus.
Existem momentos na vida que nos marcam muito. Lembro-me como se fosse hoje, quando ainda criança [e por ter uma infância bastante doente estava sempre procurando unidades de saúde], via uma senhorinha sempre sorrindo e simpática, que sempre perguntava o que a gente estava sentindo e pedindo que não nos preocupássemos, pois ela só iria “medir a febre e ver quantos quilos” a gente pesava, e quantas não foram as vezes que ela nos aplicava vacina, tanto em mim, quanto nos meus irmãos.
Aquela senhorinha era a Dona Diva. Durante muitos anos, ela prestou serviços à saúde da Municipalidade e, posso estar enganado, mas deve ter sido sempre no Centro de Saúde, ao lado da Delegacia de Polícia Civil, atualmente, o Centro de Referência da Saúde da Mulher.
“Como vai o ‘Seo Clécio’?”, perguntava ela à minha mãe sobre meu avô. “E a fulana? E a beltrana? E a ciclana?”, enfim, não tinha uma só vez que ela não mostrava sua preocupação pela minha família.
O tempo foi passando, eu crescendo, e a Dona Diva se tornou a primeira vereadora eleita na história de Ibaté. De coração puro, limpo e sempre querendo fazer o bem, ela não se adaptou muito bem com a política não. Na verdade, a vida dela era sempre servir.
E os anos continuaram à se passar. Com 14 anos de idade, estudando na EE Edésio Castanho, sentia fortes dores nas costas e estava com uma febre danada. Corri para a diretoria da escola e reclamei sobre minha saúde. Imediatamente, ligaram pra minha família. Lembro que meu tio Virgílio Piccinin, o Tio Barbudo, foi me buscar.
Sai de lá e fui direto pro Centro de Saúde. Lá, encontrei com minha mãe e passei pelos cuidados do Dr. Paulo Scalli, que ordenou imediatamente minha internação na Santa Casa de São Carlos. Bem naquela época, minha avó tinha falecido e eu estava com trauma de hospital.
Minha mãe havia ido buscar a documentação no carro e fiquei no banco do Centro de Saúde chorando muito. Chorava tanto [mas sem escândalo] que não conseguia nem falar.
Uma senhorinha se aproximou e, preocupada, perguntou o que estava acontecendo comigo. Por quê eu chorava e se era fome o que estava sentindo. Levantei a cabeça e vi a Dona Diva, com umas sacolas do Ruscito na mão e uma bolsa, onde ela guardava seus pertences.
Agradeci a atenção dela e contei o motivo que chorava. Logo ela foi me acalmando. Quando minha mãe retornou, ela viu a Dona Diva me acalmando. “Nossa, Cida! É o Paulinho? Nem tinha reconhecido!”, exclamou ela.
Sim, eu era bastante conhecido no meio da saúde de Ibaté. Médicos, enfermeiros, atendentes, enfim, se acostumaram com a minha cara, pois, como eu disse, vivi uma infância muito doente.
Bem, sem mais delongas, quero agradecer a Dona Diva por tudo que ela fez pela comunidade ibateense, pelo seu carinho, pela sua atenção, e pedir que DEUS à receba de braços abertos no reino dos céus. Aos familiares, meus profundos e sinceros sentimentos. Que filhos e netos continuem levando o DNA da filantropia que sempre esteve presente, e muito forte, na corrente sanguínea da Dona Diva.
Vai com DEUS, Dona Diva. Deixará muitas saudades!
Paulo Melo
Obrigada Paulo Melo pela linda mensagem.
Sou irmã da Diva, e ela realmente viveu para fazer o bem…ser enfermeira sempre foi o sonho dela, e serviu nessa profissão com o maior desvelo e carinho..
Que Deus a tenha recebido como ela recebia todos que procuravam sua ajuda.abracos.
Parabéns Paulo, muita boa sua narrativa e acima de tudo comovente.