ARARAQUARA | Compositora araraquarense canta sobre questões relacionadas às mulheres negras

“O que mais me inspira é o fato de eu me olhar como mulher”, afirma Suelen Cristina dos Santos, a Sue. A araraquarense é cantora, compositora e estudante de Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em Minas Gerais. Suas letras são subjetivas e retratam a luta dos negros, principalmente das mulheres, segundo entrevista dada ao programa “Sou Arte” da TV Câmara (canal 17 da Net). Confira o bate-papo com a artista local:

  • Como e quando você começou no meio artístico?

Comecei em 2014. Sempre cantei na igreja, mas assumi o compromisso na época do cursinho, expondo com varal de poesias no “Batalha na Fonte”.

  • O que você tem feito ultimamente?

Estou me realizando com a minha banda que chama “Rasante Livre”. Curto muito cantar. Quando estou com o microfone… ‘véio’, é algo que me realiza e me faz Suelen.

  • Qual é o seu estilo?

Eu tive um ânimo por conta do reggae, mas também sou rastafári e do hip hop que me molda todos os dias. Todo dia eu acordo com uma representatividade de mulher preta na cabeça. Gosto de estar sempre com o pessoal da rua trocando uma ideia.

  • Qual é sua fonte de inspiração?

O que mais me inspira é o fato de eu me olhar como mulher. Como mulher negra, sempre fui muito sexualizada e senti a necessidade de trabalhar isso em mim. Falo muito, nas minhas composições, sobre como eu gosto do amor, como eu me conheço e sobre identidade. Eu sou subjetividade.

  • Quais são suas influências?

Influências nacionais, eu curto muito a Tássia Reis, que tem um flow e a melodia que eu admiro. Também tem a Brisa Flow – ela fala sobre maternidade. São ‘minas’ que me impulsionam, porque não quero ficar no pejorativo jamais. Internacional, Nina Simone, Erykah Badu com seus turbantes…

  • Faz algo além da música?

Eu estudo Filosofia em Ouro Preto e moro em Mariana, o que encaixou totalmente com meu ‘trampo’ e questões existenciais minhas. É uma cidade com muita arte, cultura e a maior parte da população é negra. Tem muita representatividade mais antiga lá.

  • Você acha importante o incentivo do poder público para os artistas?

Eu sou mais a favor do ‘trampo’ autônomo. Mas, é claro, precisamos estudar e entender a burocracia para ocuparmos os locais públicos.

  • O que é preciso para viver de arte?

Para viver de arte, é preciso aceitação das pessoas.

  • O que você espera para o futuro?

Eu espero sobreviver. É tudo que a gente precisa. Existência, resistência, ‘tá’ com uma alimentação, um teto… Espero que com a minha música eu consiga me identificar e identificar as pessoas, que elas vejam representação e motivação para sobreviver também.

Assista abaixo, a entrevista em vídeo no canal da TV Câmara no Youtube: