
A primeira noite de desfile na Marquês de Sapucaí começou com meia hora de atraso em virtude das fortes chuvas que caíram em toda a cidade do Rio de Janeiro. A partir dos 25 minutos de exibição da Escola Império Serrano, voltou a garoar.
A Verde e Branco da Serrinha foi recebida com muito carinho pelo público, que ajudou a cantar o samba de Gonzaguinha – sobre o qual foi montado o roteiro do enredo, que defende o amor como grande solução para os problemas da vida. A bateria de mestre Gilmar e a rainha Quitéria Chagas também foram bastante aplaudidas, bem como a exibição da comissão de frente, coreografada por Cláudia Mota. Na dispersão, a presidente Vera Lúcia Correa de Souza era festejada pelos componentes, que saíram confiantes da Avenida, certos de terem feito um belo trabalho.
Viradouro
A volta de Paulo Barros foi festejada em alto estilo pela Escola de Niteroi, recebida com entusiasmo desde a apresentação da comissão de frente “A Viradouro vai virar”, coreografada por Alex Neoral. Outro retorno comemorado foi o de Mestre Ciça, responsável por um festival de paradinhas, bastante aplaudidas. O mestre-sala Julinho e a porta-bandeira Rute desfraldaram o pavilhão da Vermelho e Branco com muita elegância, fazendo com que a sucessão de surpresas nas alegorias fosse entremeada com um toque de beleza e poesia. O presidente Marcelo Calil Petrus Filho não escondia o seu orgulho pela bela apresentação da Escola.
Acadêmicos do Grande Rio
“Quem nunca saiu dos trilhos, perdeu o prumo, deu detalhe, rodou a baiana, chutou o balde e o pau da barraca, armou um barraco ou mesmo deu uma virada de mesa? Um deslize, uma gafezinha qualquer ou uma falta de educação das grossas mesmo? Quem nunca?” – a proposta da tricolor do município de Duque de Caxias era brincar, com humor e irreverência, sobre os escorregões que todos dão na vida.
Entre os destaques do desfile, a simpatia da rainha de bateria, Juliana Paes, a comissão de frente (“O Profeta On Line”) coreografada por Helio Bejani e Betrh Bejani e as baianas (“Damas Rainhas”). O presidente Milton Perácio e os presidentes de hora Jaider Soares e Helinho de oliveira se abraçavam, certos de que o desfile deste ano compensou os problemas do ano passado.
Acadêmicos do Salgueiro
A Vermelho e Branco da Tijuca prestou uma grande homenagem ao Senhor da Justiça, segundo a mitologia africana. A garra e a determinação dos componentes foi contagiante, fazendo com que o público cantasse o samba e acompanhasse os arranjos vibrantes da Furiosa – como é chamada a bateria salgueirense. Entre os setores mais aplaudidos, destacam-se a comissão de frente (À benção, meu Orixá), coreografada por Sérgio Lobato, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Sidcley Santos e Marcella Alves, e as baianas representando Yemanjá. O presidente André Vaz estava muito feliz por ter estreado com o pé direito.
Beija-Flor de Ninópolis
Para festeja os seus 70 anos de glórias, a Escola de Nilópolis resolveu dar um presente para o público, levando para a Avenida lembranças de carnavais memoráveis, narrados por um orgulhoso beija-flor. Foi uma forma original da comunidade nilopolitana comemorar o aniversário de sua maior paixão.
Os aplausos se estenderam durante todo o desfile, desde a exibição da comissão de frente ( “O Bloco dos Animais”) ensaiada por Marcelo Misailidis, passando pela apresentação do mestre-sala Claudinho e da porta-bandeira Selminha Sorriso, e recebendo com entusiasmo a bateria comandada por mestres Plínio e Rodney. O presidente Ricardo Abrão David saiu da Avenida com a consciência do dever cumprido.
Imperatriz Leopoldinense
A satisfação do presidente Luiz Pacheco Drumond, ao final da apresentação da Escola de Ramos, era um retrato do belo trabalho feito na Avenida. O desfile contava a história do dinheiro desde a Antiguidade até os dias de hoje, quando escasseou no mundo inteiro – razão para se recordar antiga marchinha carnavalesca, que dá nome ao enredo.
A bateria de mestre Lolo, mais uma vez, foi o ponto alto do espetáculo proporcionado pela agremiação. O mestre-sala Thiaguinho Mendonça e a porta-bandeira Rafaela Teodoro também receberam o carinho da plateia, bem como a Ala das Baianas e a comissão de frente, que fazia uma alusão a Robin Hood, aquele que roubava dos ricos para dar aos pobres.
Unidos da Tijuca
Foi um desfile em forma de oração. A comunidade do Borel agradeceu a Deus o pão nosso de cada dia e mostrou, com galhardia, a força de um samba que emocionou o público – que ficou até o dia raiar prestigiando a primeira metade do espetáculo. O desfile lembrou diversos trechos da Bíblia, como a comissão de frente, que fazia chover pão dos céus.
O mestre-sala Alex Marcelino e a porta-bandeira Raphadela Caboclo simbolizavam a fé, presente em cada segmento, entoando o samba-enredo como se fosse uma música sacra. A bateria de Mestre Casagrande deu uma demonstração de toda a sua competência, fazendo com que o presidente Fernando Horta saísse esperançoso de a Tijuca conseguir um bom resultado, na Quarta-Feira de Cinzas, na apuração do Grupo Especial.