Capacitar pessoas para que acompanhem o envelhecimento saudável e possam cuidar de idosos com e sem necessidades especiais na sua rotina, preservando e valorizando a convivência social e familiar foi o objetivo principal da capacitação oferecida pelo Senac São Carlos em parceria com o Fundo Social de Solidariedade.
O curso com 160 horas aula foi finalizado na última quarta-feira (29/5) por 26 alunos que se inscreveram, gratuitamente, no Fundo Social de Solidariedade, local onde as aulas foram ministradas por profissionais da área de saúde e de gerontologia.
Milene Zanetti, uma das professoras, garante que todos saem habilitados para atuar tanto em residências como em clínicas. “São 160 horas aulas entre teoria e prática. Os alunos recebem todas as noções necessárias de acordo com a necessidade dos idosos, sempre visando o bem estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa atendida. É um profissional muito requisitado que agora vai ter todos os direitos trabalhistas garantidos. Eles deixarão de ter somente uma função e passarão a ter uma profissão, desde que habilitados para isso”.
A terapeuta ocupacional e docente do curso de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Vânia Gurian Varotto, ministrou uma palestra no encerramento do curso enfocando os aspectos dos cuidados com as pessoas idosas. “O curso é muito relevante no sentido de fortalecer uma prestação de serviço às famílias que no dia a dia se deparam com situações de fragilidade de um membro idoso da família e que necessitam de suporte para resolver essa situação. Os conceitos de cuidado, focando os aspectos não somente físicos, mas tambémpsíquico-cognitivo e social do idoso, melhora o desempenho desses cuidadores nas atividades rotineiras. Os profissionais que nos formamos na UFSCar têm a competência para estruturar e coordenar capacitações com essa”, avalia a docente que também faz parte do Conselho Municipal do Idoso.
Para o médico cubano Yuniel Chivas, que concluiu o curso de cuidador de idosos, o treinamento é muito importante porque tanto as instituições de longa permanência como pessoas físicas têm dificuldades em encontrar pessoas capacitadas para dar assistência aos idosos. “O mundo inteiro está envelhecendo e as pessoas cada vez mais precisam de cuidados, por isso a importância em preparar bem quem vai trabalhar como cuidador para que façam um atendimento adequado. Para tentar manter a qualidade de vida das pessoas idosas é necessário ter conhecimento e prática. Apesar de ser médico, resolvi fazer o curso porque é mais um opção de trabalho enquanto não consigo validar meu diploma. Fiz a especialização para poder atuar profissionalmente como cuidador”, conta o médico cubano que no período que permaneceu no Programa Mais Médicos atendeu na Unidade de Saúde da Vila São José e que permaneceu no país porque hoje tem uma família brasileira.
Já Maria Aparecida Paranhos de Oliveira, enfermeira aposentada, disse que sempre gostou de trabalhar com idosos e viu na capacitação a oportunidade de adquirir conhecimentos específicos para oferecer esse tipo de serviço. “Consegui aumentar minhas habilidades por meio das disciplinas bastantes evolutivas e que mostram os cuidados com relação à senilidade”.
“Desde que assumi o Fundo Social queria oferecer um curso de cuidador de idosos exatamente por vivenciar a procura por esse profissional e por ver que por falta de opção, muitas vezes, a família delega a um empregado doméstico o trabalho que seria de um cuidador. Entendemos que apenas um profissional qualificado é capaz de desempenhar essa função que vai muito além da rotina de cuidados com higiene e alimentação. É um trabalho de muita responsabilidade”, explica Lucinha Garcia, presidente do Fundo Social de Solidariedade de São Carlos.
Recentemente o Projeto de Lei que regulamenta a profissão de cuidador de idosos passou pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado e recebeu voto favorável. De acordo com o projeto, esses profissionais devem ter o ensino fundamental completo e curso de qualificação na área com 160 horas, além de idade mínima de 18 anos, bons antecedentes criminais, e atestados de aptidão física e mental. A atuação do cuidador poderá se dar em residências, comunidades ou instituições.
O texto da regulamentação proíbe a esses profissionais a administração de medicação que não seja por via oral nem orientada por prescrição médica, assim como procedimentos de complexidade técnica. Os trabalhadores também poderão ser demitidos por justa causa se ferirem direitos do Estatuto do Idoso.
O Fundo Social de Solidariedade já solicitou ao Senac a abertura de nova turma do curso de Cuidador de Idosos.