Mauá e o desafio empresarial no século XIX: o que pode servir para hoje?
Tratar da história do Barão e Visconde de Mauá no cenário empresarial brasileiro não é tarefa simples! Especialmente porque uma das referências “Mauá o Empresário do Império” que foi escrito pelo jornalista, cientista político e sociólogo Jorge Caldeira contém detalhes de quase um século de política, economia e historiografia. É uma obra para ser lida e analisada nas Escolas públicas e Particulares nos ensinos médio e fundamental.
Há valores seculares importantes que caracterizavam as atitudes de Irineu Evangelista de Sousa e sua trajetória sob o Império, em particular de D. Pedro II. O Imperador e a Nobreza de modo geral eram inimigos de Mauá, de suas ideias de modernização, mas reconheciam o valor e a capacidade do Barão.
Entre os anos de 1870 e 1914 vigorava o Padrão Ouro como sistema monetário internacional. De modo simples, o padrão ouro regulava e lastreava o meio circulante. Isso significa que havia conversibilidade entre as notas bancárias e ouro.
A principal característica do Padrão Ouro era o controle do meio circulante ou do dinheiro em circulação, que aumentava ou diminuía de acordo com as Reservas de ouro mantidas pelos países. Essas Reservas aumentavam ou diminuíam de acordo com os preços dos produtos no comércio internacional, portanto, do ritmo das exportações e importações.
Logo, a atividade econômica no Brasil sofria os efeitos tanto do aumento quanto da diminuição das Reservas de ouro que provocava inflação ou desinflação! O crédito ora existia ora não! Isso era um grande adversário dos negócios!
Mauá tinha uma percepção aguçada para as novas tendências não só do comércio e da indústria, mas da economia mundial, em particular, da Inglaterra. Como banqueiro atuou no mercado de Bolsa de Valores de Londres e fez operações que só eram conhecidas e praticadas nos mercados financeiros Europeus.
A personalidade de Mauá também é de forte inspiração para empreendedores. A ele, o autor do livro Jorge Caldeira atribui as características de resiliência, perseverança, comportamento ético, sonhador e um profundo conhecedor do meio em que vivia. Seus métodos e planejamento para colocar em prática suas ideias e empreender são dignos de estudo, especialmente para aqueles que têm vocação para o planejamento estratégico.
As práticas políticas do Império e de seus adversários atrasaram ou causaram falências a seus empreendimentos. Mauá, em sua filosofia, agia minimizando as perdas sempre que enfrentava um revés e iniciava um novo projeto para criar novos movimentos que o estimulassem, com novos desafios! Mudava sua história de acordo com as possibilidades e não há registro de repetir equívocos depois de um aprendizado!
Será que o Brasil de hoje é mais difícil daquele do Império? Vale a pena conferir e ampliar o leque de contribuições que podem ser muito instrutivas não só para jovens, mas para aqueles que estão à frente das novas gerações, trabalhando para edificar valores seculares.