SÃO CARLOS | Trabalho de alfabetização de São Carlos participa de Encontro Nacional

A cidade tem cerca de 20 mil pessoas em condição de analfabetismo

Representantes de São Carlos do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA) irão participar do XVI Encontro Nacional da Educação de Jovens e Adultos (ENEJA) que acontece em Belo Horizonte (MG) de 18 a 22 de setembro sob o tema “Educação de Qualidade Social como Direito de Trabalhadores e Trabalhadoras”.

A coordenadora do MOVA Maria Alice Zacharias e a educadora Débora Camargo representarão São Carlos e o Estado de São Paulo, juntamente com mais 12 delegados. “Também iremos apresentar três trabalhos, o São Carlos da Acorde, Centro Pop e Antenor Garcia”, explica Maria Alice.

O vereador Roselei Françoso (Rede) visitou nesta sexta-feira (6) o núcleo do MOVA que funciona no acampamento Capão das Antas, cujas aulas são ministradas pela professora Camila Ferraz.  “Nós procuramos atender a demanda deles e, aos poucos, queremos melhorar a infraestrutura do espaço, porque quando chove ou venta impede as aulas”, explica a professora.

Segundo Maria Alice, São Carlos tem 24 núcleos do MOVA, que funcionam nos distritos de Santa Eudóxia e Água Vermelha e nos bairros Cidade Aracy, Santa Felícia, São Carlos 8, entre outros. “Hoje nós temos 17 professoras e quatro voluntários, mas qualquer ajuda é bem-vinda”, observa.

“Oferecer aulas para quem não estudou na idade adequada não é favor, é garantir um direito. Ninguém deve ter vergonha de buscar este direito”, salientou Roselei. O vereador, que sempre atuou junto ao MOVA, principalmente durante sua implantação em 2002, disse que fará todo o esforço para continuar auxiliando. “Pela Câmara Municipal, faremos o que pudermos para colaborar com este importante programa educacional”, disse.

Roselei solicitou à Secretaria de Educação a aquisição de computadores para o programa e irá buscar apoio para melhorar a infraestrutura da sala de aula do acampamento Capão das Antas, que funciona em um barraco sem proteção das mudanças no clima. “Infelizmente, mesmo em São Carlos, capital da tecnologia, muitas pessoas ainda não têm oportunidade de estudar”, destacou.

DADOS 

São Carlos, segundo dados do censo de 2010, tem aproximadamente 20 mil pessoas em condição de analfabetismo. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), existem 11,3 milhões nesta situação.

“O MOVA faz um trabalho de formiguinha. Atualmente, estamos trabalhando com 340 pessoas”, destaca Maria Alice. Segundo ela, além de analfabetos, há os analfabetos funcionais – pessoas que embora tenham aprendido a ler e escrever, não desenvolveram reflexões necessárias para a compreensão da leitura e da produção textual.

“São números preocupantes que nos mostram a complexidade de atuação dos profissionais e das instituições”, observa o vereador Roselei Françoso (Rede). Para ele, se a sociedade civil e as instituições não se unirem, ficará difícil eliminar esse quadro. “Precisamos de políticas públicas efetivas para garantir que todas e todos consigam fazer uma leitura do mundo”, salienta.