SÃO CARLOS | Cidadania encerra mês da Consciência Negra com palestras e capoeira

A Secretaria de Cidadania e Assistência Social e o Conselho Municipal da Comunidade Negra realizaram na manhã desta sexta-feira (29/12), no auditório do Paço Municipal, palestras com temas voltados para a promoção da igualdade racial dentro da programação do Mês da Consciência Negra.

Ministraram as palestras Keila Maria Cândido, secretária geral da Secretaria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade da UFSCar, Carmelita Maria da Silva, membro do Conselho da Comunidade Negra e Maria Alice Zacharias, diretora do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova) de São Carlos.

Durante todo o mês de novembro, em vários espaços públicos foram realizadas diversas atividades em celebração ao Mês da Consciência Negra como exposições, encontros, ciclo de cinema, rodas de conversas e ações sociais.

Segundo a secretária de Cidadania e Assistência Social, Glaziela Solfa Marques, o objetivo é sempre valorizar a cultura Afro-Brasileira e apoiar na luta contra a discriminação. “Preparamos uma programação extensa e variada com rodas de conversas tanto nos Centros de Referência em Assistência Social como nas escolas, com visitas monitoradas no Centro Afro, palestras, rodas de samba, exposições e tivemos uma adesão boa do público nas mais diversas faixas etárias. Esse ano desenvolvemos uma ação também com os reeducandos da Fundação Casa. Comemoramos com informação e troca de experiências”, explica a secretária.

A secretária ressaltou, ainda, que a sua pasta possui um Departamento de Direitos e Humanos, setor que a faz a acolhida de toda violação de direitos, orienta e faz os encaminhamentos pertinentes as denúncias.

Para Kelia Maria Cândido, uma das palestrantes, esse mês é importante para fazer um balanço de tudo que foi feito durante o ano. “As universidades, as escolas e as organizações sociais realizam um trabalho de conscientização ao longo ano na cidade e agora é a oportunidade que temos para discutirmos o que deu certo e o que ainda precisa ser feito. Avalio a qualificação dos conselheiros um dos pontos positivos, porém penso que temos que refletir mais sobre 20 de novembro e a necessidade do município decretar feriado nessa data”, avalia a secretária geral da Secretaria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade da UFSCar.

Questionada sobre a nomeação de Sérgio Nascimento de Camargo como presidente da Fundação Palmares, Keila afirma que essa nomeação é um equívoco. “Pelo o que foi divulgado nos meios de comunicação em todo o país, ele não apresenta competência técnica nem conhecimento teórico e histórico, tampouco representa os grupos e movimentos antirraciais. É lamentável que essa pessoa não tenha conhecimento da história do negro no Brasil. O movimento vai se fazer presente, vai fazer uma nota de repúdio. Tudo que ele disse é contrário ao que pensamos e o que construímos”, finaliza Keila.

Criada pela Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de 1988, a Fundação Cultural Palmares (FCP) foi o primeiro organismo do executivo federal a dedicar-se às demandas do movimento negro que reemergiu na cena pública brasileira no contexto das lutas contra a ditadura militar e em defesa democratização do Brasil. Sediada no então Ministério da Cultura, a referida fundação é fruto dessa mobilização política e cultural dos negros brasileiros, que no contexto do centenário da Abolição lutaram para que o símbolo da resistência à escravidão, o quilombo dos Palmares, fosse reconhecido no espaço de interação entre a sociedade civil e o Governo Federal. Desde então, pela presidência da Fundação Palmares passaram eminentes intelectuais e artistas negros, a exemplo de Joel Rufino, Dulce Pereira, Carlos Moura, Zulu Araújo, Hilton Cobra, Ubiratan Castro Araújo dentre outros. Das iniciativas da FCP, muitas delas dizem respeito ao combate ao racismo por meio da disseminação de informações históricas, de produções artísticas voltados para a valorização da história e cultura da população afro-brasileira.