OPINIÃO | Aparelhos celulares: será que conseguiríamos viver sem eles?
Bruno Zancheta*
Chega a causar espanto se observarmos o expressivo número de brasileiros que carregam diariamente seus smartphones pelas ruas de nosso país. Segundo dados da Trigésima Pesquisa Anual de Tecnologia e Informação, realizada pela Fundação Getúlio Vargas- FGV (2019), o número de dispositivos móveis, sejam eles: celulares, notebooks e tablets são, hoje em dia, da ordem de dois a cada habitante, ou seja, totalizamos o número astronômico de mais de 400 milhões de aparelhos ativos em todo território nacional. Somos, assim, o quarto país com maior número de aparelhos por habitante, atrás apenas de potências como China, Índia e Estados Unidos.
Como recordar é viver, voltando a um passado nem tão distante assim, mais precisamente no ano de 1990, data em que o celular desembarcou em nosso país, o número de aparelhos disponíveis era tão baixo que podíamos contabilizar o incipiente número de 667 linhas como detentoras de um valorizado celular naquele momento, nas mãos de pessoas de classes mais abastadas.
Vários são os fatores que precisam ser colocados nessa balança para que possamos realizar uma analise mais fria. O primeiro deles é a funcionalidade que estes aparelhos têm no dia de hoje, decorrentes do acelerado processo de inovação tecnológica, eles deixaram apenas de permitir fazer ligação como nas décadas anteriores, para permitirem inúmeras outras possibilidades de acesso, com os famosos aplicativos ao descomplicarem problemas cotidianos e até mesmo, questões ligadas a nossas contas bancárias, quem diria! Todas as informações que necessitamos estão logo ali, na palma de nossa mão, em segundos, permitindo realizar operações em tempo real. O celular hoje, por exemplo, serve para tudo, ligações, envio de mensagens, vídeos e muito mais segundo os novos conceitos mobile.
Outro aspecto que precisa ser considerado são as facilidades de acesso comercial e de utilização para que os obtenhamos e possamos utilizá-los razoavelmente bem, com domínio de suas funções. Ter posse de um aparelho hoje, sem dúvida nenhuma é bem mais acessível do que quando o aparelho foi disponibilizado ao mercado brasileiro. Com a constante introdução de inovações e o obsoletismo programado, as mudanças de modelos, com rápida substituição entre eles e as escalas de produção já atingidas, derrubaram-se os preços unitários, facilitando a acessibilidade para novos contingentes de usuários. E pensar que nos anos 90, ter-se um aparelho desses seria um sonho!
Outro fator preponderante, também vinculado a estes comentários, se relaciona com a globalização. Com seus fatores históricos, socioculturais e geográficos, é fato inegável que ela contribui de forma compulsiva para esta digitalização mundial e para a constituição das potentes redes sociais, e sendo assim, passamos a viver num emaranhado de informações numa pretensa modernização sem fim! A Aldeia Global adquiriu uma importância irremediável, quebrando os mais resistentes paradigmas! O celular e os aparelhos eletrônicos, entendidos como instrumentos da TIC-Tecnologia da Informação e da Comunicação, são parte fundamental nesta modernização contemporânea pois eles revolucionam a forma de interação sociocultural atualmente. Eles reduzem o tempo de resolução dos problemas e tornam, o que entendíamos como rotina, uma acelerada dinâmica, em constante mudança.
Parece ser impossível que possamos viver sem esses recursos. Será que seríamos capazes, hoje em dia, de vivermos sem um aparelho no bolso? Sem essas caixinhas mágicas que nos conectam com quase tudo e quase todos? Já imaginou se num piscar de olhos os aparelhos sejam extirpados, descontinuados em sua oferta, por quaisquer motivos? Seríamos nós, reféns incondicionais da globalização e de suas modernidades?
(*) O autor é Professor da Rede Estadual de Ensino, Cientista Político, Cientista Social e Antropólogo pela UFSCar [Universidade Federal de São Carlos]. Graduando em História pela UNIP [Universidade Paulista], Assessor Parlamentar e apaixonado pela vida. É colunista dos sites: São Carlos Agora, Sucesso São Carlos, Região em Destake, São Carlos Dia e Noite, do Jornal “Gazeta Central” e da Revista Ponto Jovem. Idealizador e Coordenador da Ação Social “Unidos Somos Fortes”.