Fruto de uma parceria com a USP (Universidade de São Paulo), uma indústria de São Carlos passou a fabricar rodo com radiação ultravioleta (UV), para descontaminação de chãos de hospitais e clínicas, evitando, com isso, a propagação do coronavírus Sars-CoV-2, que poderia ocorrer por meio dos calçados.
O equipamento foi criado pelo Grupo de Óptica do IFSC (Instituto de Física de São Carlos/USP), considerando que os vírus podem persistir durante muitas horas em diversas superfícies, como metais, vidros, plásticos, porcelanas e madeiras. Os dois primeiros rodos foram desenvolvidos no próprio instituto e doados à Santa Casa de São Carlos.
A parceria entre a universidade e a indústria da cidade permitirá que prefeituras, hospitais e clínicas possam adquirir essa tecnologia, que trará benefícios mesmo quando a pandemia terminar. Isso porque a luz UV-C destrói a capa proteica e o material genético de qualquer vírus, aniquilando-o.
A empresa que fabricará o rodo UV-C já trabalha em parceria com o IFSC há cerca de dois anos. “Um projeto como esse tem grande importância para a sociedade e é uma das formas que nossa indústria encontrou de contribuir no combate ao coronavírus. Além disso, vai bem ao encontro de nossa missão, que é atuar na melhoraria da qualidade de vida dos consumidores”, ressaltou Diniz Amilcar Matias Fernandes, diretor presidente da NSF.
Esta também é uma alternativa para garantir a manutenção dos empregos. “Muito nos orgulha ver nossas indústrias tão envolvidas nessa causa. Novamente temos exemplo do quanto o trabalho das indústrias é importante, em especial, nesse momento de combate ao coronavírus. Por isso temos defendido a manutenção das atividades, claro, sempre priorizando os cuidados de saúde e segurança previsto nos protocolos da OMS”, afirmou o diretor titular do Ciesp, Emerson Chu.
Radiação UV
Cada tipo de radiação UV é responsável por causar algum dano biológico. A radiação UV-A provoca alterações na pele, causando o envelhecimento; a radiação UV-B, além de atuar no envelhecimento da pele, é a principal responsável por causar mutações genéticas que levam ao desenvolvimento de câncer de pele. Já a radiação UV-C é considerada a mais deletéria, ou seja, a faixa germicida.
Esta fonte de luz UV-C também está sendo testada com êxito para, em conjunto com outros fatores, descontaminar por completo órgãos humanos para transplante, num trabalho de pesquisa realizado conjuntamente pelo IFSC e Universidade de Toronto (Canadá), já descrito em artigo científico publicado na revista Nature Communications.
O rodo fabricado pela empresa de São Carlos terá 2 lâmpadas de mercúrio, que emitem raio UV-C, com duração de 3 mil a 4 mil horas. A voltagem do equipamento será de 220 V. As primeiras unidades estarão disponíveis a partir do dia 20 de abril.
“Já temos várias prefeituras interessadas no rodo UV-C. Esse é um momento em que não podemos desperdiçar nenhuma tecnologia desenvolvida pelas nossas universidades; precisamos, o quanto antes, disponibilizá-las para a sociedade”, revelou a engenheira da NSF, Iara Frasnelli Matias Fernandes
A empresa ainda está em contato com a universidade, por meio do professor Vanderlei Bagnato, do IFSC, para poder proporcionar outras soluções.