OPINIÃO | Flexibilização da quarentena e os cuidados que ainda deveremos ter

Bruno Zancheta*

Obviamente que todos nós temos sido afetados com os efeitos da quarentena e cada um acaba enfrentando suas dificuldades de alguma forma. Sabemos o quanto tudo isto está sendo custoso, porém temos que concordar que este é um sacrifício mais do que necessário e o quanto os altos índices de isolamento estão se mostrando fundamentais para o achatamento da curva de crescimento dos casos do COVID19. Depois deste longo período, cujo término ainda se desconhece, estamos tateando com novos passos e seus impactos, por exemplo, nos possíveis aumentos da ocupação de leitos especializados e de UTI’s. Uma verdadeira avaliação de causa e efeito, ainda sem regras de controle!

A priori da flexibilização é notório que precisamos analisar o quadro brasileiro e como nosso país tem enfrentado o COVID19. Temos até o momento mais de 50 mil casos e mais de três mil mortos, um número bastante alarmante e a tendência é que este denominador aumente. É claro que diariamente outros brasileiros, em um número bem maior, morrem de complicações causadas pelo câncer, coração, acidentes, crimes e outros tantos males, porém, precisamos atentar que todas as outras causas já vêm sendo estudadas ao longo do tempo e, para a maioria delas as medidas preventivas ou protetivas e seus cuidados médicos surtem seus efeitos. No Coronavírus ainda não, pois somos vítimas, ás cegas, de um vírus que não sabemos nem de onde e porque surgiu  realmente. O que nos traz alento é que o número de casos recuperados em todo mundo ultrapassou mais de 700 mil pessoas, com um índice de letalidade agressivo, mas ainda não fulminante, em torno de 4%. 

O Estado de São Paulo, por força de fatores econômicos e mesmo, de sobrevivência, inicia sua flexibilização da quarentena, ou seja, um afrouxamento das medidas restritivas de ficarmos em casa até o dia 11 de Maio e irá priorizar setores como o comércio, indústria e serviços essenciais e este processo será realizado de forma gradual e seletiva. Os munícipios do interior irão inaugurar esta flexibilização, claramente seguindo a especificidade de cada região, embora pesquisadores da UNESP alertem que o interior está com um atraso de 3 a 4 semanas para atingir os nefastos índices já atingidos na capital. Ou seja, muito cuidado nesta hora!  Para reativação de todas as atividades o estado dividirá os municípios em zonas: verde, amarela e vermelha.

O principal ponto que precisamos ter em mente é a disciplina pessoal no que se refere á higienização dos locais e o seguimento à risca dos protocolos sanitários, distanciamento entre as pessoas e também a utilização do álcool em gel e de máscaras. Caso isto não aconteça, os resultados serão desastrosos e a flexibilização poderá ser anulada.  

É bem verdade que hoje estamos mais preparados para enfrentar o COVID19 do que há aproximadamente 45 dias atrás quando iniciamos a quarentena. Vale um ponto a ressaltar: a flexibilização da quarentena em outros países, como por exemplo, na Alemanha e Áustria, foi iniciada apenas depois do pico, o que ainda, segundo especialistas, não aconteceu em nosso país e isto precisa nos deixar atentos.  

Feitas essas ponderações precisamos realizar uma cautelosa flexibilização da quarentena e, mais do que nunca, sermos prudentes. É momento de se ouvir toda sociedade civil, toda classe médica e servidores da linha de frente. No cabo de guerra contra o COVID19, o momento pede que todos puxem a corda para o mesmo lado. 

  

* O autor é Professor da Rede Estadual de Ensino, Cientista Político, Cientista Social e Antropólogo pela UFSCar- Universidade Federal de São Carlos. Graduando em História pela UNIP -Universidade Paulista, Assessor Parlamentar e apaixonado pela vida. É colunista dos sites: São Carlos Agora, Sucesso São Carlos, Região em Destake, São Carlos Dia e Noite, dos Jornais “Primeira Página”, “Gazeta Central” e da Revista Ponto Jovem. Idealizador e Coordenador da Ação Social “Unidos Somos Fortes”.