PÉ TORTO | Ibaté recebe doação de gesso do Rotary Clube São Carlos Norte

O Centro Especializado no Tratamento do Pé Torto Congênito de Ibaté, que está localizado no Ambulatório Médico Municipal “Dr. Ivo Morganti”, recebeu do Rotary Clube São Carlos Norte, a doação de 25 caixas de gesso.

A presidente da associação rotariana, Camila Castro Gonçalves, ressalta que essa ação se deu através do programa ‘Mudando a Vida das Crianças com Pé Torto Congênito no Brasil’, tendo como objetivo subsidiar o atendimento às crianças no município de Ibaté.

Para o ortopedista pediátrico, Dr. Ricardo Innecco de Castro, que é inscrito na Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica e o grande responsável pela implantação do Centro na cidade de Ibaté, o Rotary Clube São Carlos Norte tem sido um grande parceiro. “Agradeço todos os parceiros, em especial, nossos amigos do Rotary Clube São Carlos Norte por essa doação, a qual nos ajuda a realizar procedimentos que visam corrigir a deformidade do Pé Torto congênito”, contou.

O profissional explica que com a aplicação dessa técnica com gesso, trocado semanalmente, aliado à manipulação das articulações do pé da criança e uma bota ortopédica (órtese), os resultados são bastante satisfatórios.

Ele ressalta que em 80% das crianças é necessária uma pequena intervenção cirúrgica para liberar um tendão atrás do pé. “Esse procedimento também é realizado em Ibaté. Recentemente, adquirimos um arco cirúrgico, que nos possibilita, por meio das imagens digitais, visualizar com mais exatidão onde estão as fraturas, sem a necessidade de realizar grandes cortes cirúrgicos. Com essa tecnologia diminuímos o tempo cirúrgico e, consequentemente, os riscos de infecção”, contou o ortopedista que destacou o apoio da prefeitura. “Encontramos um apoio muito grande do prefeito Zé Parrella que nos dá carta branca para desenvolvermos esse projeto na cidade. Com isso, a gente consegue realizar um grande trabalho e atender crianças de todos os lugares do nosso país. Ibaté se tornou referência nesse atendimento”, contou.

Implantado em parceria com o Rotary Club Internacional, o Centro visa atender pacientes, 100% gratuito, através do Método de Ponseti. Em um projeto iniciado em 2016, o Rotary Club Sudeste e Iowa nos EUA, treinaram 50 médicos do Brasil, durante dois anos. Serão instaladas 50 Clínicas Rotary de Tratamento de Pé torto Congênito por todo o país. Ibaté está na seleta lista do Programa “Erradicando o Pé Torto no Brasil”.

Pé torto congênito

Também conhecido como pé equino cavo varo idiopático, devido a posição do pé ao nascimento e não ter uma causa concreta, o PTC é a deformidade congênita mais comum nos pés das crianças. Acomete cerca de 1 a cada 756 nascidos e acredita-se que no Brasil nasçam cerca de 4000 crianças com PTC todos os anos.

O motivo do desenvolvimento anormal do pé é um desbalanço muscular de toda a perna do feto, que faz com que as estruturas da parte interna tenham um crescimento mais lento do que os músculos externos. Existe o fator genético, ainda não identificado, o que faz com que, parentes de primeiro grau apresentem uma possibilidade 10 vezes maior de possuírem o PTC.

O Pé Torto pode ser diagnosticado na gestação, durante os exames de pré-natal. O posicionamento para baixo e para dentro dos pés assusta aos familiares ao nascimento, e em geral, devido à falta de conhecimento e informações buscam tratamentos alternativos ou simplesmente não buscam nenhum.

Tratamento anteriores, muito ainda utilizado em alguns centros, consistem em correções forçadas com gessos, que praticamente deformam os pés das crianças, seguida de vários procedimentos cirúrgicos extensos, que embora na maioria alcançam pés plantígrados estes muitas vezes eram rígidos e dolorosos.

Desta forma, uma criança portadora de Pé Torto, quando conseguia um tratamento médico, era em média, submetida a 3 procedimentos cirúrgicos, gerando custos elevados a família e ao sistema de saúde, seja ele público ou privado.

Crianças não tratadas evoluem com deformidades graves dos pés, sendo muitas vezes estigmatizados na sociedade, excluídos dos estudos, mais uma vez onerando a saúde pública e quando adultos, muitos não se inserem no mercado de trabalho, vivendo muitas vezes as custas do governo.