SÃO CARLOS | Santa Casa realiza 1º captação de coração para doação em 2023

Também foram captados córneas, fígado e rins de uma menina 15 anos que teve a morte causada por meningite

 

A Santa Casa de São Carlos realizou, nesta quarta-feira (30), a primeira captação de coração para doação em 2023. Também foram captadas córneas, fígado e rins de uma menina de 15 anos.

Após a morte encefálica da paciente ter sido constatada na terça-feira (29), a família manifestou o desejo de realizar a doação. Ao todo, 7 pessoas podem ser beneficiadas com os órgãos.

O procedimento foi realizado por três equipes especializadas: o coração foi captado pela equipe do hospital InCor de São Paulo; o fígado pelo Hospital das Clínicas (HC) de Sorocaba; córneas e rins pelo Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto. Todos foram auxiliados e acompanhados por profissionais da Santa Casa, que teve o apoio da Prefeitura de São Carlos, Guarda Municipal e o Samu.

O cirurgião cardíaco da equipe de transplante do InCor, Aislan Pinheiro, contou que durante a captação do coração é preciso proteger o órgão para que ele chegue saudável para o receptor.

“Quando vamos retirar o coração, ele ficará parado nesse período de transporte e a gente precisa ter alguns cuidados para que fique frio e protegido, colocamos uma solução para que sobreviva durante esse período de tempo que estará fora do corpo e fique saudável para o nosso receptor. No geral, ocorre em torno de 4 horas, é um tempo seguro que a gente consegue tirar um coração e implantar no receptor. Nesse período, temos que fazer todo o transporte, toda a logística. Hoje, por exemplo, estamos utilizando transporte aéreo, temos a Força Aérea Brasileira auxiliando nesse transporte para levar o coração de São Carlos até São Paulo”, explicou Pinheiro.

“Enquanto vamos captando esse órgão, toda a equipe em São Paulo vai preparando o receptor para receber o coração. Acho que esse sentimento de poder ajudar alguém, de ter essa oportunidade de captar um órgão para um receptor nosso, nos deixa muito felizes com essa oportunidade de fornecer ajuda e auxiliar esse paciente”, disse o cirurgião.

O cirurgião do aparelho digestivo João Paulo Costa explicou que todo o processo de transplante ocorre após a notificação da Organização de Procura de Órgãos (OPO). “É oferecida pela Central de Transplante a ficha do paciente com dados clínicos, histórico, idade, peso, o que está mantendo em UTI. Neste momento, é oferecido aos primeiros pacientes da lista e também às equipes onde esse paciente está cadastrado. Esse processo é sério e bem elaborado, só é chamada a equipe no momento em que se tem todas essas confirmações da morte encefálica e autorização da família”, contou.

A captação contou ainda com o apoio da Comissão Interna Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa de São Carlos. “Vamos ajudar pelo menos sete pessoas que estão em uma fila aguardando por muito tempo, principalmente coração, que é um órgão que muitas pessoas precisam. Quando uma família diz sim para a doação de órgãos, cerca de sete famílias renascem. Realmente é um novo nascimento, os pacientes dizem que eles nascem novamente, é uma nova vida e uma nova oportunidade de recomeçar”, disse a enfermeira da CIHDOTT, Rosângela de Sousa.

Ela também explica sobre a importância das pessoas conversarem com as famílias sobre a vontade de ser doador de órgãos. “Para ser um doador de órgãos, é importante que você declare para sua família, porque a família é quem decide. Os parentes de primeiro grau, os parentes mais próximos, é que vão decidir se vai ocorrer a doação. Então, é importante que você declare em vida que quer ser um doador de órgãos, que manifesta o seu desejo”, complementou.

Essa foi a quarta captação de órgãos realizada na Santa Casa em 2023. A primeira ocorreu no dia 4 de janeiro, quando foram captados os rins e o fígado de um homem de 64 anos, a segunda ocorreu no dia 3 de junho, quando foi realizada a captação de córneas, rins e ossos de um homem de 54 anos, e a terceira em 13 de agosto, quando foram captados fígado, rins e córneas de um homem de 31 anos.

Doe órgãos! Salve vidas!