Paulo Melo*
A promessa da construção de um novo prédio para a Câmara Municipal de São Carlos deve divergir opiniões, especialmente entre aqueles que defendem a preservação do Edifício Euclides da Cunha. Embora o valor histórico e arquitetônico deste prédio seja inegável, a visão nostálgica que o defende não pode ser o único critério para decisões públicas.
É importante reconhecer que, como símbolo da cidade, o edifício tem seu valor. Porém, a Câmara não deve ser apenas um guardião do passado. Sua função primordial é atender à população com eficiência, e a estrutura atual já não consegue mais suportar as crescentes demandas da cidade. A falta de espaço para servidores e cidadãos e a necessidade de modernização são questões práticas que não podem ser ignoradas.
Defensores do edifício histórico argumentam que um novo prédio seria uma “abominação arquitetônica”, mas esse ponto de vista desconsidera a possibilidade de se construir um novo espaço que respeite o entorno urbano e dialogue com o passado. Um projeto bem elaborado pode resultar em um prédio funcional e ao mesmo tempo emblemático.
A romantização do prédio atual, embora compreensível, não pode sobrepor as necessidades administrativas. A Câmara deve ser, antes de tudo, um local de trabalho eficiente e acessível. Além disso, a crítica ao “prédio de vidro alugado” é desproporcional. A verdadeira questão é a gestão eficiente dos recursos públicos, não a dicotomia entre “moderno” e “tradicional”.
Em resumo, a preservação do patrimônio histórico é fundamental, mas o progresso não deve ser paralisado pela nostalgia. São Carlos merece uma análise séria, que contemple tanto a história quanto as necessidades administrativas da cidade.
(*) Paulo Melo é jornalista, apresentador do Primeira Página no Ar na São Carlos FM e Diretor Geral do portal Região em Destake