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O primeiro dia do conclave para eleger o sucessor do Papa Francisco, falecido em 21 de abril, terminou sem a escolha de um novo pontífice. Por volta das 19h (horário de Roma), a fumaça preta, sinal de que não houve consenso entre os 133 cardeais eleitores, subiu da chaminé da Capela Sistina, mantendo fiéis e jornalistas em expectativa na Praça São Pedro.
O Ritual do Primeiro Dia
O conclave, iniciado oficialmente na tarde desta quarta-feira, 7, seguiu os ritos estabelecidos pela constituição apostólica Universi Dominici Gregis. Pela manhã, os cardeais participaram da Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, celebrada pelo decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Giovanni Battista Re, na Basílica de São Pedro. À tarde, os eleitores, todos com menos de 80 anos, desfilaram em procissão solene até a Capela Sistina, onde prestaram o juramento de segredo e ouviram a proclamação do Extra Omnes, que marca o início do isolamento.
Apenas uma rodada de votação ocorreu no primeiro dia, como determina a tradição. Especialistas apontam que a fumaça preta no início do conclave é comum, já que os cardeais usam essa etapa inicial para avaliar preferências e alinhar prioridades. “A primeira votação é mais um termômetro. Raramente se chega a um consenso imediato”, explica o vaticanista John Allen, editor do Crux.
Um Conclave Histórico e Diverso
Com 133 eleitores de 71 países, este é o maior e mais diversificado conclave da história, refletindo a expansão global do Colégio Cardinalício sob o pontificado de Francisco. Dos eleitores, 52 são da Europa, 23 da Ásia, 20 da América do Norte, 17 da África, 17 da América do Sul e 4 da Oceania, com a Itália liderando com 17 cardeais votantes. A ausência de dois eleitores, os cardeais Antonio Cañizares Llovera (Espanha) e John Njue (Quênia), devido a problemas de saúde, reduziu o número inicial de 135.
A diversidade geográfica e cultural torna o processo menos previsível. “Este conclave é um divisor de águas. A Igreja enfrenta divisões internas e questões globais, como sustentabilidade e diálogo inter-religioso. A escolha do papa refletirá essas tensões”, afirma o professor de estudos religiosos Mathew Schmalz, do College of the Holy Cross. Entre os papáveis, destacam-se o italiano Cardeal Pietro Parolin, atual Secretário de Estado do Vaticano, e o filipino Cardeal Luis Antonio Tagle, visto como alinhado à visão reformista de Francisco.
Expectativas e Ritmo do Conclave
A fumaça preta indica que nenhum candidato alcançou os dois terços necessários (89 votos) para ser eleito. A partir de quinta-feira, 8 de maio, serão realizadas quatro rodadas de votação por dia – duas pela manhã e duas à tarde. Caso não haja consenso após três dias, os cardeais podem pausar por um dia para oração e reflexão.
Os últimos conclaves foram rápidos: Francisco foi eleito em 2013 após cinco rodadas em dois dias, e Bento XVI em 2005 após quatro rodadas. No entanto, o Cardeal Rainer Woelki alertou que a complexidade deste conclave pode prolongar o processo, enquanto os Cardeais Louis Sako e Gregorio Rosa Chávez estimam no máximo três dias.
Na Praça São Pedro, a espera continua. Fiéis como Grant Baccala, um frade protestante dos Estados Unidos, permanecem em vigília. “Senti o Espírito Santo me chamando a Roma para este momento”, disse Baccala, que chegou à cidade após a morte de Francisco. Enquanto isso, a segurança foi reforçada com mil agentes e unidades antidrones, e a Capela Sistina permanece isolada, com janelas seladas e bloqueadores de sinal ativados.
O Papel do Brasil
O Brasil, com sete cardeais eleitores, tem um peso significativo. Nomes como o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e o Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, são mencionados em conversas informais, embora não figurem entre os favoritos. “A América Latina, berço de Francisco, pode novamente influenciar a escolha”, sugere o jornal Estado de Minas.
O Que Vem a Seguir
O mundo aguarda a fumaça branca, que, acompanhada do toque dos sinos, anunciará o Habemus Papam. Quando isso ocorrer, o Cardeal Dominique Mamberti, protodiácono do Colégio Cardinalício, proclamará o nome do novo papa do balcão da Basílica de São Pedro. Até lá, a Igreja Católica permanece em sede vacante, e as especulações sobre o futuro do catolicismo continuam a crescer.