
FOTO: Instagram Pessoal
Fumaça branca surgiu às 18h07 desta quinta-feira, 8 de maio, marcando o fim do Conclave e o início de um novo pontificado
A Praça São Pedro entrou em júbilo nesta quinta-feira (8), pouco depois das 18h, quando a tão aguardada fumaça branca surgiu da chaminé da Capela Sistina. O sinal, tradicional e simbólico, anunciou ao mundo a eleição do novo Papa, o 267º Sucessor de Pedro. Milhares de fiéis, turistas e jornalistas acompanharam o momento histórico sob forte emoção, ao som dos sinos da Basílica de São Pedro que confirmaram oficialmente: Habemus Papam.
O eleito foi o cardeal Robert Francis Prevost, natural de Chicago (EUA), que adotou o nome de Papa Leão XIV. Frei da Ordem de Santo Agostinho, Prevost é reconhecido por sua sólida formação teológica, ampla experiência missionária e estreita colaboração com o Papa Francisco, de quem herdou o espírito pastoral e reformista.
Trajetória e experiência internacional
Robert Prevost nasceu em 14 de setembro de 1955 e ingressou na Ordem dos Agostinianos em 1977. Foi ordenado sacerdote em 1982, em Roma, após concluir seus estudos em Teologia e obter o doutorado em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino.
Ainda jovem, foi enviado como missionário ao Peru, onde atuou de 1985 a 1998. Durante esse período, foi pároco, professor, reitor de seminário, juiz do tribunal eclesiástico e membro do Colégio de Consultores da Arquidiocese de Trujillo. Desenvolveu um trabalho pastoral próximo das comunidades pobres, o que marcou profundamente sua atuação e espiritualidade.
Retornando aos Estados Unidos, foi eleito provincial da Província Agostiniana de Chicago e, em 2001, tornou-se prior-geral da Ordem Agostiniana, cargo que exerceu por dois mandatos consecutivos até 2013. Em seguida, voltou ao Peru como administrador apostólico de Chiclayo, sendo nomeado bispo titular da mesma diocese pelo Papa Francisco em 2015.
Cúria Romana e ascensão ao papado
Prevost ganhou destaque no Vaticano ao ser chamado para integrar a Congregação para o Clero e, posteriormente, o Dicastério para os Bispos, do qual se tornou prefeito em abril de 2023, substituindo o cardeal Marc Ouellet. A função o colocou no centro das decisões sobre nomeações episcopais em todo o mundo, o que ampliou sua visibilidade e influência dentro da Igreja.
Foi criado cardeal no consistório de setembro de 2023, recebendo o título de Santa Monica dos Agostinianos. Em fevereiro de 2025, passou à ordem dos cardeais-bispos, com a sé suburbicária de Albano — um dos mais altos graus na hierarquia cardinalícia.
Em entrevista ao site oficial do Vaticano, Prevost destacou sua visão pastoral: “O bispo é chamado autenticamente para ser humilde, para estar perto das pessoas que ele serve, para caminhar com elas, para sofrer com elas e procurar formas de que ele possa viver melhor a mensagem do Evangelho no meio de sua gente.”
Eleição e início do pontificado
A escolha de Prevost foi confirmada no quarto escrutínio do Conclave, indicando um consenso rápido entre os cardeais eleitores sobre seu perfil conciliador, espiritual e administrativo. Após aceitar sua eleição, dirigiu-se à Sala das Lágrimas para vestir o traje papal e, em seguida, apareceu na sacada central da Basílica de São Pedro, onde foi apresentado ao mundo pelo cardeal protodiácono Dominique Mamberti com a tradicional fórmula em latim: Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam!
Leão XIV iniciou seu pontificado com a bênção Urbi et Orbi, dando início a uma nova etapa na história da Igreja Católica. Seu papado desperta expectativas de continuidade das reformas iniciadas por Francisco, com ênfase na escuta, proximidade com os mais vulneráveis e compromisso com uma Igreja sinodal e missionária.
Informações do portal Vatican News e Wikipédia
Leia o primeiro discurso do Papa Leão XIV na íntegra:
“Que a paz esteja convosco. Irmãos, irmãs caríssimos, esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado, o bom pastor, que deu a vida pelo rebanho de Deus. Também eu gostaria que esta saudação, de paz, entrasse no vosso coração, alcançasse vossas famílias, a todas as pessoas. Onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a terra, a paz esteja convosco.
Esta é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada, uma paz desarmadora, humilde e perseverante, que provém de Deus. Deus que nos ama a todos, incondicionalmente. Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz frágil, mas sempre corajosa do papa Francisco, que abençoava Roma.
O papa que abençoava Roma, dava a sua bênção ao mundo inteiro naquela manhã do dia de Páscoa. Permitam-me dar sequência àquela mesma bênção: Deus nos quer bem, Deus nos ama a todos. O mal não prevalecerá. Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos, mão na mão com Deus e entre nós, sigamos adiante. Somos discípulos de Cristo. Cristo nos precede. O mundo precisa da sua luz. A humanidade necessita de pontes para que sejam alcançadas por Deus e ao mundo. Ajudai-nos também vós, unam-se aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos todos para sermos um só povo, sempre, em paz. Obrigado, papa Francisco.
Gostaria de agradecer a todos os irmãos cardeais que me escolheram para ser sucessor de Pedro, e caminharei junto a vós, como Igreja unida, buscando sempre a paz, a justiça, buscando sempre trabalhar como homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo. Sem medo, para proclamar o Evangelho. Para sermos missionários.
Sou um filho de Santo Agostinho, agostiniano, que disse: “Convosco sois cristão, e para vós bispo”. Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo a essa pátria, à qual Deus nos preparou.
À Igreja de Roma, uma saudação especial. Devemos buscar juntos como ser igreja missionária, uma igreja que constrói pontes, que dialoga, sempre aberta a receber como esta praça de braços abertos, a todos, todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do diálogo, de amor.
E se me permitem também uma palavra: [em espanhol] a todos aqueles, de modo particular, à minha querida diocese de Chiclayo no Peru, onde um povo fiel acompanhou o seu bispo, compartilhou a sua fé e deu tanto a mim para seguir sendo igreja fiel de Jesus Cristo.
A todos vós irmãos e irmãs, de Roma, da Itália e do mundo inteiro, queremos ser uma igreja sinodal, uma igreja que caminha, que busca sempre a paz, que busca sempre a caridade e busca sempre estar próxima, especialmente daqueles que sofrem.
O dia da súplica à Nossa Senhora de Pompeia, nossa mãe Maria quer sempre caminhar conosco, estar próxima, ajudar-nos com a sua interseção e seu amor. Agora gostaria de rezar junto convosco, rezemos juntos por essa nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo. Peçamos essa graça especial à Maria, nossa mãe.”
Em seguida, o pontífice fez uma oração junto aos fiéis presentes na praça, além de ter dado sua primeira bênção como papa – a Bênção Urbi et Orbi, do latim, “à cidade [de Roma] e ao mundo, a todo o universo”.