
Foto: Reprodução TV Câmara Ibaté
A diretora da Câmara Municipal de Ibaté, Camila Leitão, se envolveu em uma intensa discussão nas redes sociais após afirmar que, embora não seja a presidente da Casa Legislativa, também “responde por ela”. A declaração foi feita em um comentário público, motivado por críticas relacionadas à restrição de acesso do público à sessão do último dia 28 de abril, sob justificativa de segurança e controle de lotação do plenário.
Camila usou a publicação do jornalista Itá Fallaci para esclarecer que a decisão de limitar o público partiu de orientação dela e da procuradora jurídica da Câmara, e que a licença do Corpo de Bombeiros para funcionamento do prédio ainda estava vigente, com vencimento previsto apenas para agosto. Segundo a diretora, a presidente da Câmara, Viviane Serafim (Podemos), solicitou posteriormente que ela renovasse a licença antecipadamente e atualizasse o cálculo populacional do plenário com um engenheiro.
O tom das justificativas, no entanto, foi duramente criticado por diversos internautas. Um dos internautas ironizou a declaração de Camila, questionando: “Diretora da Câmara respondendo pela presidente? Hahahahaha”. Ele também publicou as atribuições legais do cargo de diretor, reforçando que esse profissional deve assessorar a Mesa Diretora, e não substituí-la, salvo delegação expressa.
“É o poste fazendo xixi no cachorro”, ironizou o internauta, apontando que a diretora ultrapassou suas funções ao falar em nome da presidência. Ele também questionou a presença do assessor de comunicação da Prefeitura em um evento oficial em São Paulo, ao lado da presidente Viviane Serafim, representando o prefeito – algo que, segundo ele, também configura desvio de função.
A polêmica se acirrou com o comentário da jornalista Aline Sanchez, que denunciou ter sido bloqueada por Camila Leitão tanto em seu perfil pessoal quanto no perfil do veículo de imprensa que representa. “A senhora Camila insiste em afirmar que ‘responde também pela presidente da Câmara’, embora essa atribuição jamais tenha sido tornada pública por qualquer ato oficial da presidência”, escreveu. “Enquanto diretora, sua função é assessorar, não substituir.”
Em meio às críticas, Camila chegou a responder diversos comentários, reafirmando que suas ações foram tomadas com base em orientações legais e pensando na segurança do público. “Não existe vergonha. Existe compromisso com a saúde e integridade de todos”, afirmou. Ela também disse que a lotação verificada em sessões anteriores “não irá se repetir”.
Contudo, as respostas não convenceram parte dos internautas, que exigem a apresentação de documentos oficiais que deleguem à diretora tal autoridade para “responder” pela presidente. “Se estou interessado em respostas, buscarei os meios oficiais por meio da Lei de Acesso à Informação”, declarou o internauta.
A polêmica segue ganhando repercussão, e há expectativa de que o caso seja tratado oficialmente na próxima sessão legislativa. Enquanto isso, cresce o debate sobre os limites institucionais dos servidores comissionados da Câmara Municipal e sobre a transparência nas decisões da Casa.
Nota da Redação
A postura da diretora Camila Leitão ao se declarar “respondendo também pela presidência da Câmara” é, no mínimo, temerária. O papel institucional da presidência do Legislativo é indelegável por simples vontade ou afinidade administrativa. Qualquer delegação de funções deve ser formalizada, pública e respaldada por atos oficiais — não por comentários em redes sociais.
Ademais, a atitude de bloquear jornalistas e meios de comunicação é um retrocesso grave à transparência e à liberdade de imprensa. Quando uma agente pública se fecha à crítica e age com evidente intolerância ao contraditório, mina não apenas sua própria credibilidade, mas a da instituição que representa.
Transparência se faz com documentos, atos públicos e respeito às leis — e não com retóricas improvisadas ou comportamentos autoritários em ambiente virtual.