
Neste sábado, 28 de junho, o Brasil celebra os 80 anos de nascimento de Raul Seixas, o eterno Maluco Beleza, cantor, compositor e um dos maiores ícones do rock nacional. Nascido em Salvador (BA), em 1945, Raulzito — como era carinhosamente chamado — continua sendo uma das figuras mais cultuadas da música brasileira, mesmo 35 anos após sua morte.
Misturando rock’n’roll, baião, psicodelia, misticismo, crítica social e filosofia marginal, Raul Seixas construiu uma obra única, provocadora e visionária. Foi pioneiro em dar cara brasileira ao rock, sem abrir mão da rebeldia e da poesia que marcaram sua geração.
UM PROFETA CONTRA O SISTEMA
Muito mais do que um cantor, Raul foi um pensador livre. Seu trabalho ultrapassou a música e se tornou símbolo de contestação. Em parceria com o escritor Paulo Coelho, escreveu canções que abordavam ocultismo, liberdade individual, autoritarismo e existencialismo — temas pouco comuns nas rádios da década de 1970.
Músicas como “Sociedade Alternativa”, “Ouro de Tolo”, “Gita” e “Metamorfose Ambulante” ainda hoje ecoam como hinos de inconformismo. Raul foi censurado, perseguido, internado e até exilado, mas nunca deixou de cantar aquilo que acreditava.
“Prefiro ser essa metamorfose ambulante / do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, escreveu ele em um de seus versos mais famosos — uma espécie de autobiografia artística.
ENTRE O MÍSTICO E O POPULAR
Raul Seixas transitava com naturalidade entre o místico e o popular. Era capaz de citar Aleister Crowley, Jesus Cristo, Lúcifer, Nietzsche e Lampião em um mesmo disco. Ao mesmo tempo, falava diretamente ao povo, com linguagem simples, deboche e muito carisma.
O visual extravagante, a risada marcante e o modo irreverente de se apresentar ajudaram a transformá-lo em um personagem mitológico da música brasileira. Para muitos fãs, Raul não morreu: apenas partiu para outro plano — a tal Sociedade Alternativa que tanto pregou.
LEGADO QUE NÃO ENVELHECE
Raul Seixas faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos, vítima de uma pancreatite aguda decorrente do alcoolismo. Mas sua música, seu pensamento e sua figura continuam vivos. Todos os anos, homenagens espontâneas se multiplicam: shows tributo, encontros de fãs, biografias e documentários mantêm sua obra em constante movimento.
Em Salvador e em São Paulo, estão programados shows especiais neste fim de semana para relembrar sua trajetória. Nas redes sociais, a hashtag #RaulSeixas80Anos já é uma das mais comentadas do dia, com milhares de fãs prestando tributo ao artista que nunca quis ser apenas mais um.
“TENTA OUTRA VEZ”
Raul Seixas talvez tenha sido o maior representante da liberdade criativa na música brasileira. E neste 28 de junho, data em que completaria 80 anos, seu legado mostra que continua inspirando novas gerações. Como ele mesmo dizia, em um dos seus lemas mais eternos:
“Sonho que se sonha só é só um sonho. Sonho que se sonha junto é realidade.”
E o sonho Raulzito continua sendo sonhado — cada vez mais vivo, mais necessário e mais eterno.