A Associação Comercial e Industrial de São Carlos (ACISC), por meio de seu Núcleo Econômico, divulgou nesta segunda-feira, 17, um levantamento que analisa os efeitos sociais e econômicos do programa Novo Bolsa Família no município. O estudo aponta que, além do impacto direto na renda de famílias em situação de pobreza, o programa movimenta setores fundamentais do comércio e dos serviços, contribuindo para a demanda agregada local.
Segundo o informativo, o Bolsa Família é uma política pública de transição, voltada a garantir renda mínima para famílias que enfrentam dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho. O benefício, destaca o documento, “se articula com outras políticas públicas que buscam a emancipação econômica dos beneficiados e sua futura inserção no mercado formal”.
O estudo reforça que, embora tenha peso significativo no orçamento público, os efeitos positivos no curto prazo superam as despesas, representando um impulso importante ao consumo de sobrevivência — especialmente nas áreas de alimentação, transporte e vestuário.
Movimentação econômica em São Carlos
Entre janeiro e setembro de 2025, o Novo Bolsa Família movimentou R$ 12,5 bilhões em todo o país. O Estado de São Paulo recebeu R$ 1,4 bilhão, equivalente a 11% do total.
No caso de São Carlos, o levantamento identificou 8.359 beneficiários em setembro, com renda média de R$ 671,00. O total transferido ao município naquele mês foi de R$ 5.703.759,00. Esse número representa aproximadamente 9% do total de vínculos formais de trabalho na cidade, indicando a relevância social e econômica do programa no território.
O informativo também aponta pontos controversos, como a dificuldade de parte dos beneficiários em migrar para uma condição econômica autossustentável. Uma parcela das famílias ainda não consegue ingressar no mercado formal, permanecendo dependente das políticas de transferência de renda.
De acordo com o Núcleo Econômico da ACISC, essa limitação gera impacto na arrecadação de contribuições sociais e impede o avanço de políticas de seguridade baseadas na formalização do trabalho.
O economista responsável pelo estudo, Elton Casagrande, avalia que compreender o comportamento desses recursos é essencial para planejar ações de fortalecimento econômico local. “Os valores do Bolsa Família têm efeito imediato na economia da cidade. Eles garantem consumo básico e ajudam a sustentar setores de baixa renda. No entanto, o desafio é transformar essa sustentação em oportunidades reais de trabalho e qualificação, para que essas famílias possam migrar para a renda própria e para o mercado formal”, destaca Casagrande.
Para a presidente da ACISC, Ivone Zanquim, o estudo reforça a importância de políticas sociais aliadas a iniciativas de capacitação e desenvolvimento econômico. “O Bolsa Família cumpre um papel fundamental no apoio às famílias que mais precisam, mas precisamos olhar também para o futuro. A ACISC tem trabalhado para ampliar qualificação, incentivar o empreendedorismo e fortalecer o comércio local. É por meio dessas ações que podemos ajudar essas famílias a conquistar autonomia financeira”, afirma Ivone.
Elton ainda ressalta que o comércio sente diretamente o impacto desses recursos. “Boa parte do benefício é consumida no dia a dia, e isso movimenta lojas, mercados, serviços e toda a economia local. É importante termos dados qualificados para orientar estratégias que fortaleçam ainda mais esse ciclo positivo”, finalizou.

















