
A Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila São José entrou na segunda semana de atendimentos exclusivos para a população indígena de São Carlos. O serviço, realizado todas as quintas-feiras, das 7h às 12h, tem como objetivo não apenas oferecer consultas médicas, mas também acolher práticas culturais tradicionais e integrar saberes indígenas ao cuidado clínico.
A responsável pelo atendimento, dra. Karla Pankararu, afirmou que a procura tem sido crescente desde o início do projeto. “O pessoal está vindo, ocupamos todas as vagas do primeiro e do segundo dia. A tendência é que eles venham sempre, não só pela consulta médica, mas também pelo acolhimento”, destacou. Para ela, o diferencial está no diálogo entre os conhecimentos adquiridos na universidade e os saberes tradicionais trazidos pelos pacientes. “A gente tenta alinhar essas duas dimensões, respeitando o que cada um carrega consigo”, acrescentou.
Segundo Aline Barreto de Almeida Nordi, professora da UFSCar e tutora do Programa de Educação Tutorial Indígena, o serviço atende a uma demanda histórica. “A presença indígena na universidade não é recente, mas o número atual tornou evidente a necessidade de um atendimento específico. A proposta é dar suporte tanto aos estudantes quanto aos familiares que vivem na cidade”, explicou.
O estudante indígena Jonas Barbosa relatou que soube do serviço pelas redes sociais da Prefeitura. “Facilitou bastante minha rotina e me senti bem acolhido. A equipe me orientou sobre exames e o atendimento exclusivo tornou tudo mais simples”, afirmou.
O secretário municipal de Saúde, Leandro Pilha, ressaltou que o município pretende dar continuidade ao programa. “Estamos estruturando para que o atendimento seja regular e respeite as especificidades dessa população”, disse. O prefeito Netto Donato reforçou a importância da iniciativa: “Esse atendimento é uma forma de reconhecer a diversidade de São Carlos e garantir acesso igualitário ao sistema de saúde”.
De acordo com o Censo 2022 do IBGE, São Carlos possui 351 indígenas residentes. A maioria é composta por estudantes da UFSCar que permanecem na cidade mesmo após a graduação. Muitos trazem familiares, incluindo crianças e recém-nascidos, o que reforça a necessidade de políticas públicas direcionadas.
Com boa adesão já nos primeiros dias, o atendimento da UBS São José se consolida como uma iniciativa de saúde inclusiva e de respeito à pluralidade cultural, alinhando a atenção básica às necessidades específicas da comunidade indígena.