
A terceira audiência pública do Plano Diretor de São Carlos, realizada na noite de quarta-feira (8), no Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP (CDCC), reuniu mais de 200 pessoas em um amplo debate sobre o futuro da cidade. Com o tema “Cidades Inteligentes centradas no cidadão”, o encontro destacou o papel da ciência, da inovação e, principalmente, da participação popular na construção de uma São Carlos mais conectada, sustentável e humana.
O ponto alto da audiência foi a palestra do diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, André Carlos Busanelli de Aquino, que desmistificou a visão de que cidades inteligentes se limitam à digitalização de serviços públicos. “Cidade inteligente não necessariamente está associada ao digital. A tecnologia é meio, não fim. Ela deve favorecer o fluxo das pessoas, a mobilidade urbana, a preservação ambiental e a eficiência energética”, afirmou.
Aquino enfatizou que o verdadeiro conceito de cidade inteligente é aquele que coloca o indivíduo no centro das decisões urbanas. “A qualidade de vida deve ser o norte. Isso envolve desde obras contra enchentes até políticas de alimentação, transporte e economia circular. O plano diretor precisa refletir esse modelo de cidade onde as pessoas caminham mais, interagem mais e atravessam ruas com facilidade”, completou.
O secretário de Cidade Inteligente e Transparência, Mateus de Aquino, destacou que a inovação é parte da identidade são-carlense. “A inovação sempre fez parte da constituição das políticas públicas da cidade. Agora, com o conceito de Cidade Inteligente, queremos ampliar a participação cidadã e tornar os serviços públicos mais eficientes”, explicou.
O assessor do prefeito Netto Donato, João Muller, celebrou o engajamento popular e a presença de instituições como a USP, UFSCar e startups locais. “Foi uma audiência positiva, com mais de 200 participantes. Estamos construindo um plano moderno, que vai vigorar por 10 anos. E, pela primeira vez, o tema tecnologia entra como eixo estruturante”, ressaltou.
O vice-prefeito Roselei Françoso também avaliou positivamente o evento, destacando o potencial de São Carlos em consolidar um Distrito de Inovação. “Achei muito positiva essa audiência. São Carlos tem muito a contribuir, dado o nosso polo de ciência, tecnologia e inovação. Estamos muito próximos da USP e da UFSCar, tudo em um raio de 5 a 10 minutos. Isso facilita a conexão entre os setores organizados e garante o sucesso da inovação na cidade”, afirmou.
Roselei mencionou ainda a reunião realizada no mesmo dia com a empresa Xmobots, premiada pela FAPESP, na qual foram discutidas políticas públicas voltadas à segurança, mobilidade e gestão urbana. “Estamos tratando de temas como fiscalização do espaço aéreo, descarte de entulho, vazamentos de água, buracos nas vias, fluidez do trânsito. Tudo isso com base em dados abertos, para que a universidade possa analisar e entregar soluções reais à sociedade”, completou.
Encerrando o evento, o prefeito Netto Donato celebrou o engajamento da população e reforçou o caráter coletivo do processo de revisão do Plano Diretor. “Muito feliz porque a população tem participado. É a nossa terceira audiência pública, e quanto mais pessoas vêm, mais olhares e perspectivas sobre São Carlos nós recebemos. Isso é essencial para construir um plano diretor que reflita a cidade que queremos”, destacou.
Donato também elogiou a palestra de André Aquino e convidou os cidadãos para a próxima audiência, marcada para o dia 22 de outubro, no bairro Cidade Aracy, que abordará o tema parcelamento do solo. “Queremos ouvir, debater e construir juntos. O Plano Diretor é de todos os são-carlenses, e cada participação faz a diferença na cidade que estamos desenhando para o futuro”, concluiu o prefeito.
O evento reforçou a vocação de São Carlos como referência nacional em inovação, pesquisa e governança colaborativa, reafirmando que o verdadeiro desenvolvimento urbano começa com cidadãos protagonistas de sua própria cidade.