
O vereador Djalma Nery (PSOL) confirmou, em entrevista ao programa Primeira Página no Ar, da São Carlos FM 107,9, na manhã desta segunda-feira (06), que avança nas articulações para sua pré-candidatura a deputado estadual. O parlamentar relatou conversas recentes com Maria Aires, presidente do PSB de São Carlos, e confirmou aproximação com Wander Japa, que deve assumir o comando do PDT no município. Segundo Nery, o objetivo é construir “um novo campo político, progressista e democrático, que contemple os interesses do município e não de um partido específico”. “A Maria está bastante antenada, é de fora da política e traz um olhar novo. Isso oxigena. A ideia é pensar uma parceria em nome de São Carlos, do nosso município que a gente ama”, afirmou o vereador.
Durante a entrevista, Djalma confirmou que Wander deve se filiar ao PDT e que o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, já teria dado aval para a mudança. O vereador elogiou a postura do futuro dirigente local e indicou que há possibilidade de uma dobradinha nas eleições de 2026. “O Wander é um cara ético, cuidadoso com o que faz e fala. Temos uma amizade de anos. Acho importante ter alguém como ele à frente do PDT, um partido histórico e respeitado”, disse. “Mesmo que ele não seja candidato, quero o apoio dele. Mas acredito que ele vai disputar uma vaga de deputado federal”, completou.
Djalma também revelou tratativas com a deputada estadual Márcia Lia (PT), que deve disputar uma vaga na Câmara Federal, possivelmente deixando o espaço de dobrada estadual para o vereador de São Carlos. Ele comentou ainda a indefinição dentro do PT entre os nomes de Edinho Silva, atual presidente nacional do partido, e Márcia Lia. “A Márcia me disse pessoalmente que é pré-candidata a federal. Fontes me disseram que o presidente Lula pediu para o Edinho coordenar a campanha presidencial, o que faria sentido. A dobrada entre mim e a Márcia está bem encaminhada”, revelou.
A entrevista gerou surpresa ao apontar que o ex-prefeito Newton Lima (PT), que havia declarado publicamente uma dobradinha com Edinho Silva, “não estaria ciente das mudanças” dentro do partido.
Relações partidárias e tensões locais
O vereador do PSOL não poupou críticas à direção local do PT e a alguns dirigentes, incluindo o ex-prefeito Newton. Djalma afirmou que a relação institucional entre os partidos de esquerda em São Carlos é “difícil”, principalmente pela falta de diálogo da presidência petista com o PSOL. “Não precisa gostar de mim, nem eu gosto dela, mas tem que respeitar a institucionalidade. Quando precisa tratar de algo com o PSOL, procura outras pessoas, não o presidente, que sou eu. Isso vai criando um abismo. Não é problema partidário, é pessoal”, afirmou, sem citar nomes.
Ao comentar sobre o prefeito Netto Donato (PP), Djalma reagiu com bom humor a uma fala recente em que o chefe do Executivo teria dito “querer vê-lo longe de São Carlos”. Segundo o vereador, a declaração foi interpretada como um reconhecimento de sua força política. “Achei engraçado. Ele quis dizer que poucas pessoas têm chance real de se eleger deputado, e uma delas sou eu. Ele quer me ver longe para eu dar menos trabalho aqui e representar a cidade na Alesp”, brincou.
O parlamentar também elogiou a postura do presidente da Câmara, Lucão Fernandes (PP), que defende a união entre partidos locais para garantir que São Carlos volte a ter representantes na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. “O Lucão tem dito isso publicamente. Ele inclusive afirmou que, na esquerda, apoiaria minha candidatura a estadual e a do Newton Lima a federal, e na direita o Júlio César e o Lobbe. Isso mostra que o diálogo político na cidade está amadurecendo”, avaliou Djalma.
Propostas e próximos passos
Encerrando a entrevista, o vereador anunciou que pretende lançar, nos próximos dias, um documento público de aliança por São Carlos, convidando partidos de diferentes espectros — da esquerda à direita — a reduzirem o número de candidaturas e trabalharem por nomes com maior chance de vitória. “Quero propor um compromisso coletivo para elegermos um estadual e um federal por São Carlos. Precisamos pensar no município acima de qualquer bandeira partidária”, disse.
Djalma reafirmou ainda que, mesmo eleito, não deixará de residir em São Carlos. “Mesmo se for eleito deputado estadual, continuo morando na minha casa, na Vila Prado. Vou representar São Carlos sem me afastar dela”, finalizou.
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