
Foto: Reprodução/Auro Ferreira
Foto: Reprodução/Auro Ferreira
Fonte: Jornal Primeira Página
A jovem Nathielly Araújo, de 26 anos, viveu uma tragédia que transformou o sonho de uma vida em um pesadelo. Dias após o casamento, ela e o marido, o músico Raphael Bellarmino, de 34 anos, retornavam de uma viagem de lua de mel no litoral paulista quando foram surpreendidos por uma árvore em chamas que caiu sobre o carro do casal na Rodovia Washington Luís, em Araraquara (SP). O acidente, ocorrido no último domingo (5), resultou na morte de Raphael e deixou Nathielly ferida.
Segundo relato da jovem, o casamento aconteceu no dia 27 e, logo após a cerimônia, os dois seguiram para o Guarujá, destino escolhido como presente de amigos. “Foram dias muito felizes. Estava tudo bem, até a volta. Quando chegamos perto de Araraquara, uma árvore muito grande caiu bem na nossa frente. Não deu tempo de pensar em nada”, contou. O impacto provocou o capotamento do veículo, que deslizou até a guia. “Eu consegui puxar o freio de mão e sair parcialmente do carro. Foi quando começaram a chegar as pessoas e os bombeiros”, relatou emocionada.
Nathielly afirmou que não havia qualquer sinalização na via, mesmo com queimadas intensas na região. “Já estava tudo muito queimado, mas não tinha ninguém controlando o fogo nem aviso de risco. As pessoas disseram depois que o incêndio vinha desde a tarde”, explicou. Ela reforçou que pretende buscar responsabilização judicial, alegando falha nas medidas de segurança e prevenção por parte das autoridades competentes.
A família de Raphael Bellarmino também acredita que houve negligência por parte da concessionária responsável pelo trecho da rodovia. Ao portal G1, o advogado Bruno Rogério Moreira da Silva, afirmou que o incêndio já ocorria há várias horas antes da tragédia. “Pelos relatos da vítima, da Polícia Rodoviária e do Corpo de Bombeiros, realmente houve negligência da concessionária [Ecovias Noroeste Paulista], uma vez que o incêndio não foi instantâneo, já estava acontecendo desde a manhã. Era uma árvore de grande porte que estava queimando e a concessionária não tomou as devidas precauções para poder evitar uma tragédia”, declarou.
Ainda em recuperação, Nathielly tenta reunir forças ao lado dos familiares. “É um momento muito difícil, mas estamos unidos. A dor é enorme, mas precisamos ser fortes”, disse. O caso reacende o alerta sobre os riscos provocados por queimadas às margens de rodovias e a falta de sinalização preventiva, que podem transformar tragédias evitáveis em perdas irreparáveis.
Em nota, a Ecovias Noroeste Paulista, concessionária do grupo EcoRodovias, manifestou profundo pesar pelo falecimento de Raphael Bellarmino e afirmou que todas as medidas de segurança e atendimento foram adotadas imediatamente, seguindo os protocolos operacionais previstos para situações de incêndio e interdição de pista.
Segundo a empresa, o Centro de Controle Operacional (CCO) identificou o foco de incêndio às 14h39, fora da faixa de domínio da rodovia, e enviou equipes com viaturas de inspeção, ambulância, guincho leve e caminhão-pipa. Ao chegar ao local, constataram que uma árvore de grande porte estava em chamas, e a faixa 3 foi bloqueada de forma imediata. A concessionária afirma que a rodovia permaneceu devidamente sinalizada e os motoristas foram orientados a reduzir a velocidade.
Ainda de acordo com a Ecovias, uma mudança repentina na direção dos ventos intensificou o fogo, fazendo com que a árvore se rompesse de forma vertical e imprevisível, atingindo o veículo ocupado pelo casal. A concessionária destacou que, no momento, também atuava em dois outros incêndios simultâneos — um no km 235 da SP-310 (em São Carlos) e outro no km 306 da SP-326 (em Matão).
A Ecovias acrescentou que mantém um protocolo específico para ocorrências de incêndio, com foco em resposta rápida e preservação da vida, e que o processo de atendimento e bloqueio de pista segue critérios técnicos rigorosos. O comunicado ressalta ainda que a concessionária possui um mapeamento completo de árvores ao longo dos trechos sob sua administração, atualizado em 2024 e protocolado junto à Cetesb e à Artesp, classificando cada árvore conforme o nível de risco. Segundo a nota, a árvore envolvida no acidente constava como de baixo risco, sem indicação de remoção.