Durante entrevista ao programa Primeira Página no Ar, da São Carlos FM, na manhã desta sexta-feira (11), a secretária municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania, Gisele Santucci, fez um panorama contundente e esclarecedor das ações realizadas pela pasta nos últimos seis meses. Com um tom firme e ao mesmo tempo empático, a gestora abordou temas sensíveis como o aumento de moradores em situação de rua, o avanço do Cadastro Único, acolhimentos infantis, a importância das conferências temáticas e o programa de apadrinhamento afetivo.
Santucci iniciou a conversa destacando a complexidade da Secretaria, que conta com cerca de 150 servidores e sete departamentos descentralizados. Um dos principais avanços da gestão foi a interiorização do Cadastro Único, que em seis meses somou quase 1.700 novos cadastros só na região central da cidade. “A descentralização é fundamental. O cidadão precisa acessar os serviços perto de onde vive”, afirmou.
A secretária reforçou que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é participativo e técnico. “O CRAS é a porta de entrada para proteção e fortalecimento de vínculos. Quando há violação de direitos, entra o CREAS, nosso atendimento especializado”, explicou. São sete CRAS em operação, e a Secretaria estuda a abertura de uma unidade na região central.
Um dos pontos altos da entrevista foi a exposição sobre o Programa de Apadrinhamento Afetivo, que busca oferecer vínculos familiares e comunitários a crianças e adolescentes em acolhimento institucional, muitas vezes fora do radar da adoção. “É um convite ao afeto responsável. Muitas dessas crianças não têm perspectiva de adoção por estarem acima dos 10 anos. Precisam de presença, de carinho, de gente que acredite nelas”, disse Santucci, incentivando voluntários a procurar a Secretaria para se capacitar. “É um gesto que pode transformar vidas.”
A entrevista também trouxe dados inéditos: cerca de 230 pessoas vivem em situação de rua em São Carlos, segundo levantamento de 2024. Dessas, 60% são migrantes, vindos de outras cidades ou estados. Para atender essa população, a Secretaria mantém parcerias com organizações da sociedade civil, oferta vagas em casas de passagem, serviços como o Centro Pop e o programa de abordagem social com duas equipes atuando diariamente nas ruas.
Apesar dos esforços, a secretária reconhece que a sensação de abandono ainda persiste para parte da população. “A gente entende a angústia de quem vê uma cidade desigual. Mas não se pode confundir ausência de resultados imediatos com omissão. Trabalhamos com cada história, com cada pessoa”, disse. “Nosso trabalho é de reconstrução. É oferecer dignidade, educação, emprego e vínculo familiar.”
Sobre a recente lei aprovada na Câmara que destina 5% das vagas em contratos da Prefeitura para pessoas em situação de rua, Gisele revelou que a proposta não passou por consulta à Secretaria, mas que está sendo incorporada com responsabilidade. “Vamos fazer funcionar. Queremos que essas pessoas deem um passo à frente. Mas é preciso fluxo, estrutura, preparo. A Prefeitura precisa ser parte ativa, não apenas o destino final da proposta.”
Santucci também anunciou que o CRAS do Pacaembu será realocado devido a furtos constantes na unidade atual. Enquanto o novo imóvel é formalizado, o atendimento segue normalmente na sede da Secretaria. “Não interrompemos nenhum serviço. Estamos garantindo segurança à equipe e acessibilidade à população.”
A entrevista contou ainda com a participação da secretária adjunta de Cidadania, Danieli Favoretto Valenti, que detalhou a atuação junto aos conselhos municipais de Direitos Humanos. Ela anunciou as conferências de Políticas para Mulheres (dia 16) e de Diversidade Sexual (com prévia no dia 19, no Cidade Aracy), reforçando a importância do debate popular na formulação de políticas públicas.
No encerramento, Gisele fez um apelo à população: “Quem critica precisa conhecer. Quem quer ajudar, venha. O rádio e a internet ajudam, mas a transformação começa no território. A gente não está aqui pra entregar cesta básica, mas pra garantir direitos”, finalizou.
O secretário adjunto de Desenvolvimento Social de São Carlos, Luciano Ortega, também acompanhou a secretária.
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