
Um dia de incêndios espalhados pela cidade mobilizou nesta quinta-feira, 11, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Guarda Municipal, Polícia Militar e brigadas voluntárias, segundo o promotor de Meio Ambiente e Urbanismo, Flávio Okamoto. Entre 7h e 17h foram contabilizados — somente nesse intervalo — seis focos de grande porte em pontos distintos: Valparaíso (próximo à pista de atletismo), Fazenda Sobloco (próxima à Fazenda Pinhal), Fazenda Canadá (região da Vicinal Guilherme Scatena), estrada de terra junto ao Espraiado, Jardim Hikare/ Santa Marta (com avanço em direção ao Graal e resgate de animais) e Jardim Zavaglia.
“Tudo isso começa, gente, com a imprudência ou com a maldade das pessoas”, afirmou Okamoto ao jornal Primeira Página no Ar, na São Carlos FM, nesta sexta-feira (12), descartando a hipótese de ignições espontâneas — “não existe combustão espontânea, salvo por raio” — e apontando para dois vetores: queimas de lixo e restos de jardinagem feitas de forma negligente e, em vários casos, ação dolosa. Em algumas ocorrências, como nas imediações da UFSCar, equipes identificaram foco recorrente e chegaram a acionar rondas policiais para coibir novas ignições.
Dados operacionais citados pelo promotor mostram a grande mobilização necessária para o combate: cerca de 20 bombeiros empenhados, viaturas da Guarda Municipal, agentes da Defesa Civil, viaturas da Polícia Militar e da Polícia Ambiental, além de brigadas internas da UFSCar e Embrapa e caminhões-pipa do SAAE. Apesar da articulação entre órgãos, Okamoto admitiu que as condições climáticas — com temperatura em torno de 35 a 36 °C, vento e umidade relativa do ar excepcionalmente baixa (7% registrada às 16h pela UFSCar) — tornam o controle das chamas muito mais difícil.
Investigações e medidas
Em ao menos um dos incêndios há imagens que permitiram identificar um suspeito e motivaram a instauração de investigação com pedido de prisão preventiva, segundo o promotor. Nos demais casos, onde não há provas diretas de autoria, a estratégia engloba prevenção: ofícios à Polícia Ambiental para fiscalização das áreas rurais, operação especial de “caça à fumaça” pelo Departamento de Fiscalização da Prefeitura e aumento do patrulhamento nas zonas rurais e pontos históricos de queima.
“O que a gente mais quer é saber quando o fogo começou e atuar em até 20 minutos — combate precoce — porque, nas condições atuais, se não combater em 20 minutos, perde-se o controle”, explicou Okamoto, que também defendeu o uso de tecnologias de monitoramento. O Ministério Público está em contato com empresas que utilizam inteligência artificial para detectar colunas de fumaça a partir de câmeras e sinalizar automaticamente a ocorrência às equipes de resposta. Outra alternativa em avaliação é a aplicação de líquido antichama em trechos críticos às margens de rodovias, cuja eficácia ainda está sendo testada pela UFSCar.
Chamamento à população
O promotor pediu colaboração da população para denúncias e envio de imagens que possam ajudar nas investigações. “Se for carro, muito importante a placa. Se for pessoas, tentar guardar essa imagem”, orientou, lembrando que sistemas de CCTV (Closed-Circuit Television) costumam sobregravar imagens em poucos dias. Para denúncias e acionamento das equipes, Okamoto repassou contatos úteis: Corpo de Bombeiros (193), Defesa Civil (199), Guarda Municipal (153), Ouvidoria Municipal para fiscalização (3362-1080) e Polícia Militar (190). Ele reforçou que o denunciante pode permanecer anônimo.
Okamoto também relacionou o episódio a um problema mais amplo. “A emergência climática está batendo na porta de todo mundo”. Citou como comparativo incêndios recorrentes em outros países e alertou que São Carlos tem “todos os ingredientes para a tragédia”: calor, baixa umidade e vento. As autoridades afirmam que prosseguirão com ações conjuntas — fiscalização, investigação e medidas tecnológicas — para identificar responsáveis e reduzir a recorrência de incêndios.
A reportagem acompanha o desdobramento das investigações e as medidas adotadas pela Prefeitura, Corpo de Bombeiros e Ministério Público. Moradores com imagens ou informações sobre incêndios podem encaminhá-las à Ouvidoria da Prefeitura (3362-1080) ou às autoridades competentes.
Ouça a entrevista completa do promotor Okamoto à São Carlos FM: