Foto: Paulo Mello / Região em Destake
PAULO MELLO
Da redação
O presidente da Câmara Municipal de São Carlos, vereador Lucão Fernandes (PP), avaliou como “muito positivo” o primeiro ano à frente da Mesa Diretora, neste novo mandato, e afirmou que o Legislativo manteve ritmo intenso de trabalho em 2025. Em entrevista ao programa Primeira Página no Ar, da São Carlos FM, na manhã desta quarta-feira (17), ele estimou que foram quase 1,1 mil processos votados ao longo do ano, além de 43 sessões ordinárias, cinco sessões extraordinárias, audiências públicas e solenidades. “Isso mostra o grau de responsabilidade que a Câmara tem, que cada parlamentar tem”, disse, ao defender o papel do Legislativo como instância que “sacramenta” e transforma em realidade projetos planejados pelo Executivo e pelos próprios vereadores.
Lucão também destacou o volume de demandas do dia a dia do mandato, citando cerca de 4,2 mil indicações e requerimentos apresentados pelos parlamentares. Para ele, os números refletem uma Câmara “ativa” e “comprometida”, com atuação interna e presença nos bairros. “Requerimentos são coisas que a população solicita, pede, e a Prefeitura acaba tendo que responder”, afirmou. Segundo o presidente, a gestão buscou manter “equilíbrio” e respeito durante as sessões, inclusive em votações em regime de urgência. “Teve algumas sessões que pairou dúvida… eu chamava o nosso jurídico, chamei pessoas da Prefeitura para explicar o processo. A gente não deixou a oposição sem esclarecimento”, relatou.
Um dos principais pontos da entrevista foi a defesa da construção de um novo prédio para a Câmara, tema que Lucão considera prioridade por condições estruturais que ele classificou como inadequadas, especialmente no subsolo. “A parte de baixo é insalubre. Não dá para continuar com uma situação dessa”, afirmou. O vereador relatou episódios de desconforto em gabinetes e citou limitações de espaço até no segundo andar. A ideia, segundo ele, é manter o Legislativo na região central, com um projeto que prevê estacionamento subterrâneo, plenário para 300 a 400 pessoas e gabinetes modernizados, com áreas para assessoria e banheiros individuais. O local cogitado inclui a área em frente à Câmara, com desapropriação de um imóvel ao lado da biblioteca e uso do estacionamento atual. “Não é luxo, é necessidade… para dar um atendimento melhor para a população”, disse.
O presidente explicou que a intenção de obra continua “no radar”, mas foi temporariamente desacelerada por conta do cenário financeiro do município e da devolução de recursos do Legislativo à Prefeitura. Lucão citou que a Câmara devolveu cerca de R$ 5 milhões ou mais e disse contar com o compromisso do prefeito Netto Donato (PP) para retomar o plano quando houver melhora fiscal. Ele ainda falou em preservar parte da memória institucional. “A proposta é manter no endereço um museu da Câmara, com registros e fotos de vereadores, como forma de dar vitalidade ao entorno”, afirmou. Entre as medidas discutidas com a Prefeitura, mencionou também a possibilidade de uso organizado da praça próxima em horários de entrada e saída de escolas para reduzir congestionamentos.
Na entrevista, Lucão abordou a presença de servidores do SAAE em sessão recente e afirmou que não há projeto em tramitação sobre privatização ou concessão. “Não chegou nada na Câmara Municipal… não existe neste momento nenhuma tratativa”, disse, acrescentando que eventuais discussões futuras, caso ocorram, precisariam ser conduzidas com transparência e debate público. Ao comentar o governo Netto Donato, ele afirmou que o primeiro ano foi “muito difícil”, comparando o início de gestões anteriores, e disse acreditar que o Executivo “vai crescer bastante” após ajustes iniciais. Sobre o funcionamento da Câmara, informou que as sessões ordinárias retornam em 27 de janeiro, lembrando que, mesmo no recesso legislativo, a estrutura administrativa e os gabinetes seguem em atividade.
Outro eixo de destaque foi o enfrentamento ao feminicídio e à violência contra a mulher, tema que motivou um discurso do vereador na Câmara, segundo ele, “seríssimo” e “gravíssimo”. Lucão anunciou que pretende organizar uma grande audiência pública, com participação de autoridades, entidades e mobilização social, possivelmente no Teatro Municipal para comportar o público. Ele citou a intenção de envolver OAB, Santa Casa, forças de segurança, imprensa e lideranças religiosas. “Isso não é um problema da mulher. Isso é um problema nosso, dos homens. O agressor somos nós”, afirmou, defendendo ações locais e encaminhamentos para punições mais rigorosas no âmbito federal. A expectativa, segundo ele, é realizar o encontro até o fim de fevereiro, com planejamento durante o recesso.
Lucão também comentou a estratégia de comunicação do Legislativo, elogiando a atuação de profissionais responsáveis pela página institucional e afirmando que as redes sociais ajudaram a equilibrar a disputa política e aproximar o vereador do cidadão. “A rede social trouxe equilíbrio… você põe o celular e fala ‘estou aqui no bairro’”, disse. Questionado sobre 2026, o presidente admitiu a possibilidade de candidatura a deputado estadual, caso seja escolhido por um segmento de sua igreja que, segundo ele, organiza candidaturas por regiões. Ele citou o próprio currículo político, com quatro mandatos e três presidências de Câmara, e afirmou estar “tranquilo”, aguardando definição. Também relembrou a experiência de ter assumido a Prefeitura interinamente, apontando que oportunidades “chegam no momento certo” e exigem preparo.
Ao final, em tom de agradecimento, Lucão reforçou a defesa de uma Câmara “harmônica” e disse que pretende “extrair o melhor” de si no próximo ano, com foco em estrutura, atendimento ao cidadão e temas sociais. “A população é o meu alvo, é o meu objetivo. É pra isso que eu estou na Câmara Municipal”, concluiu.
Assista a entrevista completa de Lucão Fernandes na São Carlos FM:
