
A Tônia cresceu e aos poucos começou a entender o que era o futebol, os demais esportes e percebeu que ganhar é bom. Pulou e ficou muito contente com a medalha de ouro do Brasil na Olimpíada do Rio e começou a esperar pela Copa da Rússia.
Pois bem, a Copa começou e eu que gosto muito de futebol nunca fui de colecionar álbum de figurinhas e eis que vem ela com pedido: Pai, quero um álbum! Enfim, compramos o álbum, ela colecionou as figuras e descobriu o nome de todos os jogadores da Seleção Brasileira, aprendeu geografia com os demais países e não passou um jogo sequer do Mundial sem a camisa do Brasil.
Comemorou as vitórias, a classificação, era fã do Neymar, porque pra ela o melhor jogador do país não é esse rapaz que não jogou bem hoje, que se contundiu gravemente pouco antes do Mundial, como ela mesmo diz: É o Neymar, pai!
Infelizmente, hoje o Neymar e o jogo do Brasil não foram suficientes para ganhar da Bélgica, pois a equipe não teve um craque diferente como Pelé, Garrincha, Tostão, Carlos Alberto Torres, Rivaldo, Ronaldo e tantos outros que decidiram. Neymar não foi nem sombra do craque que todos esperavam e a vitória não veio.
Foi triste, não pela derrota, mas porque minha filha se entristeceu, porque ela quer ganhar, porque a Copa é importante para ela. Foi triste porque ela ficou me perguntando como tem gente tonta que torce contra seu próprio país e mistura sua incapacidade de votar em gente boa na política com um time de futebol composto por jogadores que ganham muito bem, mas por seus méritos, porque são bons no que fazem. Doeu muito ver a minha filha triste ao saber que o Brasil perdeu, vê-la escondidinha na cozinha, espionando para saber se o gol iria sair foi a coisa mais cruel que poderia acontecer no meu dia. Mas é assim, as vitórias nem sempre surgem, o esporte é isso, constituído de dor e de alegrias e sobretudo de ensinamentos.
É por isso que não me canso de dizer que nunca será apenas um jogo, será mais que isso, pois envolve sentimento, envolve aquilo que você gosta, envolve o seu país, suas raízes mais puras.
A Tônia ainda vai ver o Brasil ganhar outra Copa, pode ser logo ali no Catar em 2022, por que não, né? Mas daí, quando o time entrar em campo existirão os mesmos tolos que ficam amaldiçoando quem torce para o Brasil. Na verdade, a vocês, eu tenho apenas que dizer: a melhor coisa que um pai pode passar para o seu filho é o amor pelas coisas que ele gosta e a minha filha já ama a Seleção Brasileira e isso não tem preço. E vocês? O que amam mesmo? Ah, já sei apenas as próprias amarguras que estão no coração de cada um, puro recalque, para usar um termo da moda….
Por Renato Chimirri, do São Carlos em Rede