
Rita Fajardo*
Fui ao supermercado hoje. Fiquei indignada e assustada. As pessoas não tem a menor noção de como se portar em uma situação como a atual, de resguardo e prevenção contra uma epidemia.
O país vive uma situação pré-epidemia. As pessoas estão sendo orientadas a não comparecerem a locais com muita gente. Escolas suspenderam calendário. Várias empresas estão fazendo home office quando possível. Jogos, eventos, feiras suspensos. Tudo isso para não aglomerar pessoas, já que o Covid-19 é altamente contagioso muito mais letal que um virus de gripe comum.
No supermercado água sanitária com preço mais baixo e álcool gel 70º não tem mais. Desabastecido, embora as autoridades tenha dito que isso não aconteceria. As pessoas compraram tudo em dois dias de alerta. Mas, o mais importante não estão fazendo: ficar em casa. Essa atitude é a única que pode conter o contágio.
Fui sozinha ao supermercado. Apenas uma pessoa da casa deve se expor para comprar mantimentos. O supermercado estava lotado de famílias! Famílias inteiras! Crianças, que deveriam estar em casa, estavam acompanhando avós, mães e pais. Várias crianças!
Um menino com resfriado, tossindo muito, sem nenhuma orientação de como tossir, que deveria estar em casa, comia um iogurte no carrinho que imita um carro com seu pai na fila da carne. Duas irmãs gêmeas bebês, com menos de um aninho de idade nos carrinhos de compra, uma com o pai, outra com a mãe. As crianças seguravam no carrinho e punham a mão na boca! Quantas pessoas colocaram a mão naquele carrinho de supermercado? Sabe-se que carrinho de supermercado é uma das coisas mais sujas que existe! Não há higienização! Quatro moços comprando 5 sacolinhas com carne, pão, três refrigerante s e um desodorante. Para que quatro pessoas para comprar isso? São quatro pessoas que se expõem e colocam outras em perigo! Uma família com 6 pessoas fazendo compra! Pelo menos 15 adolescentes eu contei fazendo compra com alguém!
As aulas foram suspensas para dar segurança, para evitar contágio, não para dar “férias” e os adolescentes e crianças irem a supermercados. É para ficar em casa. Não tem com quem deixar? O supermercado fecha 22h, espera outro adulto chegar e vá ao mercado depois disso!
Há um despreparo muito grande da população.
Ainda dá tempo de tomarmos uma atitude, mas tem que ser rápido. Olhem o que aconteceu com a Itália! Com a França! Por favor, mostrem isso, não podemos errar! Não temos a estrutura da Europa! Nossos hospitais estão desmarcando as cirurgias esperando a epidemia, mas a PEC dos gastos tirou milhões do Sistema Público de Saúde. O Sistema está sucateado!
Cabe à população se prevenir. E cabe à imprensa mostrar a realidade. Eu apelo, por favor, ajudem a salvar vidas! Mostrem a realidade! Não é um simples resfriado! Jovens morrem sim! Não só idosos. Morrem médicos jovens! Morrem adolescentes! Morrem crianças! É grave. Não é um simples resfriado.
Esta carta é um desabafo apreensivo. As pessoas não entenderam ainda.Não é caso para pânico, mas para medidas efetivas de prevenção. Precisamos, sim, limitar número de pessoas em supermercados. Não é permitida qualquer aglomeração. Só assim vamos controlar minimamente a epidemia, que, como todas as previsões apontam, deve vir.
(*) Professora do IFSP São Carlos, uma simples cidadã.
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