
Em entrevista concedida na manhã desta sexta-feira, 1º de agosto, ao programa Jornal Primeira Página no Ar, da São Carlos FM (107,9), a presidente do Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio, Adriana Silva, revelou em detalhes a delicada situação financeira e estrutural da instituição centenária, que resiste bravamente para não fechar suas portas.
Com bom humor e firmeza, Adriana descreveu os esforços diários da atual diretoria para evitar o colapso do clube. “A gente não está mais matando um leão por dia, a gente está tentando conversar com ele, virar amigo”, brincou. No entanto, o tom da conversa logo revelou a gravidade do momento vivido pelo Flor de Maio.
Atualmente, o clube acumula uma dívida que ultrapassa R$ 1 milhão, considerando pendências com a Prefeitura de São Carlos, o SAAE, a Receita Federal e outras esferas. “Só com a Prefeitura, temos sete processos. Três já estão acordados, os demais seguem em execução. Um deles já pode ir a leilão a qualquer momento”, alertou a presidente. Para evitar a perda do patrimônio, a atual gestão firmou acordo com a Prefeitura no valor de R$ 2.420,41 mensais por 60 meses — primeira parcela já quitada no ato da assinatura.
Segundo Adriana, a dívida foi causada principalmente pela ausência de ações da gestão anterior, que não solicitou isenção do IPTU nem se preocupou com a regularização da documentação do clube após seu tombamento como patrimônio histórico. “O estatuto estava irregular, o CNPJ inativo, sem licença de funcionamento. Quando assumimos como interventores em 2024, encontramos o prédio abandonado, sem estrutura elétrica, caixa d’água seca, bomba quebrada, e nenhum centavo em caixa”, relatou.
Sem mantenedores fixos e sem quadro de sócios, a diretoria aposta agora em eventos e doações para manter o clube vivo. “Fechar nunca foi uma opção. Vamos morrer lutando”, declarou. Uma das estratégias para levantar recursos é a criação do programa sócio-benemérito, previsto para ser lançado em setembro. O novo modelo permitirá que pessoas contribuam mensalmente com o clube, com total transparência e acesso à movimentação da conta bancária.
Eventos como o Samba da Gente, no dia 9 de agosto, e um show beneficente da cantora Duda Stefano (data a ser confirmada), são algumas das ações programadas para ajudar a cobrir as parcelas e compromissos mensais. Além disso, o clube mantém ativa uma vaquinha virtual, com chave PIX: 48020820100071.
Um espaço de resistência cultural e histórica
Durante a entrevista, Adriana também fez questão de lembrar o papel histórico e social do Flor de Maio, especialmente para a população negra de São Carlos. O clube já abrigou escola, biblioteca, funerária comunitária e foi espaço de resistência em momentos em que os negros eram proibidos de acessar serviços básicos.
Hoje, com apoio de instituições como o Instituto Galo da Manhã e o laboratório da Unicamp, o clube trabalha na recuperação de seu acervo histórico, que inclui troféus dos anos 1930, documentos da Revolução de 1932 e registros de visita do então governador Ademar de Barros.
A nova diretoria pretende transformar o Flor de Maio em um centro cultural e de articulação de políticas públicas para a população negra, periférica e LGBTQIA+ da cidade. “Nosso estatuto hoje permite que o clube atue juridicamente contra o racismo. É uma luta política, cultural e histórica”, frisou.
Chamada à solidariedade
Ao final da entrevista, Adriana fez um apelo emocionado por apoio da sociedade. “A gente precisa da união da população. Sozinhos não conseguimos. Precisamos de parceiros, empresários, pessoas comuns que possam contribuir. Qualquer valor faz diferença”.
Os jornalistas Paulo Mello e Ivan Lucas reforçaram o apoio da Rádio São Carlos FM, do jornal Primeira Página e do site Região em Destake na divulgação das ações do Flor de Maio. “Vamos ajudar a ressuscitar o Flor de Maio. Ele é parte viva da história de São Carlos e não pode desaparecer”, concluíram.
📲 Para saber mais, acompanhe o clube no Instagram: @flordemaiosc
🔗 Para doações: Chave Pix 48020820100071
Assista a entrevista na íntegra: