
POR PAULO MELO
A Santa Casa de Misericórdia de São Carlos se prepara para dar um passo decisivo na assistência em saúde da região. Em entrevista ao Jornal Primeira Página no Ar, na manhã desta segunda-feira (1º), o provedor da instituição, Antônio Valério Morila Júnior, o Bezinho, anunciou que o hospital deve inaugurar em outubro seu novo Centro de Oncologia, ampliando a capacidade de tratamento do câncer para pacientes não apenas da cidade, mas de todo o Estado.
Segundo ele, mais de 90% dos tipos de câncer já são tratados atualmente em São Carlos. Com a chegada de um novo acelerador linear, a expectativa é ampliar a cobertura, reduzindo ainda mais a necessidade de deslocamentos para centros como Barretos e Jaú. “Essa é a prioridade do momento. Queremos entregar esse benefício à população e transformar São Carlos em um polo de referência”, afirmou.
Bezinho também revelou que o governador Tarcísio de Freitas foi convidado pessoalmente para a inauguração e sinalizou positivamente, dependendo de sua agenda oficial. “Esperamos que o governador venha a São Carlos conhecer esse serviço, que será referência para todo o Estado”, afirmou.
Transplantes e novos projetos
Bezinho destacou que a Santa Casa pretende iniciar, em 2025, transplantes renais, com possibilidade futura de expandir para medula. A meta é consolidar a instituição como centro nacional de transplantes. Além disso, já está em andamento um projeto para a construção de um hospital de câncer na cidade, dentro de um planejamento que prevê aumento da demanda oncológica até 2040.
Situação financeira
A questão financeira também foi abordada. A Santa Casa, que acumula uma dívida de cerca de R$ 60 milhões com bancos, deixou de contrair novos débitos após a implantação da Tabela SUS Paulista, criada por Tarcísio de Freitas. A medida reduziu o déficit em atendimentos de alta complexidade. “Hoje não temos lucro, mas também não temos prejuízo. Conseguimos empatar as contas e usar as receitas de convênios para amortizar a dívida”, explicou o provedor.
Mesmo assim, ajustes foram necessários após uma redução de R$ 650 mil nos repasses mensais da Prefeitura de São Carlos. Serviços como fisioterapia ambulatorial e cuidados paliativos domiciliares foram suspensos. Bezinho ressaltou, no entanto, que a parceria com o município segue “sólida e responsável”, com pagamentos em dia e apoio para manter investimentos.
Expansão regional e parcerias
O provedor defendeu que municípios vizinhos como Ibaté, Dourado e Ribeirão Bonito contribuam financeiramente, já que muitos pacientes dessas localidades são atendidos em São Carlos. Também anunciou a intenção de transformar a Santa Casa em uma Organização Social de Saúde (OSS) ainda em 2025, o que permitirá disputar licitações para administrar outros hospitais da região.
A relação com planos de saúde também foi tema. A Unimed mantém bloco arrendado dentro da Santa Casa e, segundo Bezinho, a parceria segue estratégica, apesar da expansão da operadora com hospital próprio. Convênios como a Hapvida também não são descartados, embora haja cautela em contratos que apresentem atrasos nos repasses.
Investimentos e futuro
Entre os projetos em andamento está a ampliação do setor de hemodiálise, que poderá dobrar a capacidade e evitar que pacientes precisem viajar para outras cidades três vezes por semana. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde já sinalizaram apoio.
Fundada em 1889, a Santa Casa completará 135 anos em abril de 2026. Um jantar comemorativo está previsto para o dia 10 daquele mês, com expectativa de participação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nosso compromisso é com a população. Trabalhamos para que cada vez mais pessoas sejam atendidas com qualidade, em São Carlos e na região”, concluiu Bezinho.
Ouça a entrevista na íntegra: