
Reportagem: Paulo Melo/Região em Destake
Docentes e estudantes da USP (Universidade São Paulo), da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e das redes estadual e municipal de Ensino, somados ao apoio de partidos de esquerda e de sindicatos, se reuniram na manhã desta quarta-feira, 15, na Praça Coronel Salles, para se manifestar contra o corte de recursos anunciado pelo Governo Bolsonaro.
Denominado como o “Dia de Lutar pela Educação”, o evento compõe o ato de Mobilização pela Educação Pública, contra os cortes da Educação. Segundo os organizadores, a motivação deve-se as iniciativas do atual governo comandado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Participando do ato, o vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos Municipais de São Carlos (SINDSPAM), Lucinei Alves Custódio, declarou que o presidente Bolsonaro tem feito um ataque frequente, muito rápido, que está assustando de uma forma até inesperada. “A Educação é prioridade no país, então, isso vai acabar atingindo também o município [São Carlos], esse corte de verbas”, contou. “Sempre que qualquer ato, seja do governo [federal ou do município, atinja o trabalhador e a população, o sindicato vai estar junto dando força para o trabalhador porque é um direito que nós temos de manifestar contra e não podemos aceitar. Esse corte de verba é muito grande, vai atingir todo mundo”, afirmou.
O vereador e professor da rede estadual, Gustavo Pozzi, também participou do ato e relatou que a paralisação demonstra a importância que a educação tem na sociedade. “Diante de tanta pressão que, provavelmente, não é só aqui em São Carlos e sim movimentos no Brasil inteiro, se ele manter a sua posição de manter cortes e tirar dinheiro da Educação, ele [Bolsonaro] está indo na contramão do que o povo deseja e numa democracia a soberania do povo e a vontade popular tem que prevalecer. E o povo que está mostrando que não quer corte na Educação, no Brasil inteiro”, comentou.
O estudante de Matemática do ICMC da USP, Gabriel Malta, ressalta que o anúncio tomou o povo de surpresa. “Um anúncio de 30% de cortes, que na UFSCar seria de R$ 16 milhões, a gente sabe o tanto que isso pode acarretar nas atividades acadêmicas extensionista e do ensino dentro das Universidades”, contou. Ele ressaltou que os estudantes da USP também estão nas ruas contra os ataques da Educação Básica que já foram anunciados e contra a CPI Estadual das Universidades. “É uma coisa que atinge mais diretamente as Universidades Estaduais Paulistas e a USP está incluída”, afirmou.
O dourando da USP, Dante Peixoto, afirmou que o Governo Bolsonaro é uma catástrofe de governo. “Esse governo está fazendo isso como uma chantagem aos movimentos e ao povo, para poder aprovar a Reforma da Previdência, dizendo que não tem dinheiro, cortando R$ 7 bilhões da Educação e dando R$ 40 milhões de emendas para deputados votaram a favor da Reforma da Previdência. É uma mentira que não tem dinheiro. Isso é uma opção que o governo está fazendo pelos banqueiros, em detrimento do povo e é muito importante a gente estar aqui, se manifestando porque o país que não investe na educação é um país que não merece respeito e o Brasil merece respeito, apesar desse presidente canalha que a gente tem hoje no nosso país”, afirmou.
Bárbara Khalil, representante da Associação de Pós-graduandos da UFSCar, ressaltou que o anúncio de cortes e outras atitudes do governo Bolsonaro é uma ameaça direta para a aprovação da Reforma da Previdência. “A gente está acompanhando esse tipo de ameaça do governo Bolsonaro, não só em relação aos cortes na Educação, como uma série de outras atitudes e decretos, que ele tem passado para ameaçar a Reforma da Previdência. Então se a reforma da Previdência sair é possível que os cortes na educação não aconteçam. É uma ameaça direta, com certeza”, declarou.
A pós-graduanda também comentou sobre a declaração do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, que afirmou que o corte de recursos se dará nas universidades que não apresentarem desempenho acadêmico esperado e, ao mesmo tempo, estiverem promovendo “balbúrdia” em seus câmpus. “Balbúrdia a gente não tem tempo, porque a gente está na pós-graduação. Fazemos pesquisa, trabalhamos, fazemos extensão universitária e não tem balbúrdia nenhuma aqui não rapaz, aqui tem trabalho, trabalho honesto, trabalho importante para a educação brasileira e para toda a sociedade brasileira”, finalizou.
A concentração começou por volta das 8h no Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (CAASO) para confeccionar cartazes. Depois, manifestantes se organizarem para a caminhada até a Praça dos Pombos. A Avenida São Carlos também foi interditada, a partir do Mercado Municipal até a Rua Major José Inácio. A Polícia Militar e Guarda Civil Municipal (GCM) acompanharam a manifestação que foi pacífica. Segundo o Sindicato dos Servidores da UFSCar (SintUFSCar), 15 mil pessoas participaram do evento, mas a Polícia Militar calculou cerca de cinco mil.
Fotos: Adão Geraldo/Colaborador
[metaslider id=30268]