
A Prefeitura de São Carlos anunciou, nesta quarta-feira (23), uma parceria inédita com a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que resultou na aprovação de dois projetos de Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCD). Os projetos foram elaborados por pesquisadores da USP São Carlos e trarão benefícios diretos para o município, nas áreas de gestão pública inteligente e monitoramento da saúde hidrossanitária.
O primeiro centro, denominado IntegraSanca – Centro de Ciências para o Desenvolvimento, será coordenado pela professora Kalinka Castelo Branco, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP). O projeto tem como objetivo integrar e digitalizar todos os sistemas da Prefeitura de São Carlos, criando uma plataforma única de acesso aos serviços públicos e dados administrativos. “Esse projeto visa integrar todos os sistemas da Prefeitura em benefício da população. Queremos que o cidadão tenha um portal único para acesso a tudo o que precisa, com informações seguras, ágeis e centralizadas. Assim, a Prefeitura poderá tomar decisões mais assertivas, com base em dados reais”, explicou Kalinka.
A professora destacou ainda que a proposta está alinhada ao conceito de cidade inteligente. “A ideia é levar São Carlos para a era digital. Hoje o celular é a nossa carteira; não usamos mais documentos físicos. Da mesma forma, queremos que os serviços públicos estejam integrados e disponíveis de forma digitalizada, segura e transparente. Os dados públicos estarão acessíveis conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo transparência e proteção das informações pessoais”, afirmou. Segundo Kalinka, o IntegraSanca tem duração prevista de cinco anos, com entregas fracionadas, e poderá ser ampliado com o apoio de empresas privadas. “Em cerca de um ano, o cidadão já poderá começar a sentir os primeiros resultados.”
O secretário adjunto de Cidades Inteligentes, Cristiano Pedrino, também destacou o avanço que a parceria representa. “Estamos iniciando um processo de criação de um sistema único de entrada de dados da Prefeitura. O projeto usará inteligência artificial para analisar essas informações e permitir que as decisões dos gestores sejam baseadas em dados técnicos e precisos. É um passo fundamental para o futuro da cidade”, disse. Cristiano lembrou que o município já iniciou o processo de digitalização. “Em 2023, começamos a usar processos eletrônicos e, em 2024, ofícios digitais. Já temos ferramentas financeiras, contábeis e de RH integradas, mas agora queremos dar um passo além e capturar novos dados ainda não digitalizados, consolidando uma gestão pública moderna e inteligente.”
O segundo centro, denominado Saúde Hidrossanitária e Qualidade de Vida (SHQV), foi desenvolvido em parceria entre a USP e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Coordenado pelo professor Emanuel Carrilho, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), o projeto contará com a participação do professor André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho (ICMC/USP), da professora Fernanda Niebel (UFSCar) e da pesquisadora Débora Marcondes (Embrapa Instrumentação). O objetivo é desenvolver metodologias analíticas para o monitoramento de substâncias presentes no esgoto e sua relação com indicadores de saúde pública e qualidade de vida.
“Vamos tentar medir tudo que for possível no esgoto da cidade: metais pesados, pesticidas, fármacos, drogas, parasitas, vírus e bactérias, tudo georreferenciado. A ideia é correlacionar esses dados com informações socioeconômicas e de saúde da superfície, como índices de criminalidade e incidência de doenças. Assim, poderemos prever problemas antes que eles surjam”, explicou Carrilho. O pesquisador ressaltou que o foco do projeto é preventivo. “Com base nesses dados, poderemos detectar indícios de surtos antes mesmo de o posto de saúde registrar aumento de casos. É um trabalho que vai ajudar o poder público a tomar decisões inteligentes e antecipadas.”
O presidente do SAAE, Derike Contri, destacou a importância da parceria. “A autarquia fica feliz em participar de um projeto dessa magnitude, que é inovador até mesmo em nível nacional. O uso de inteligência artificial permitirá que a cidade compreenda melhor o que está em seu esgoto e possa planejar políticas públicas de saúde de forma mais eficiente. São Carlos é privilegiada por não ter metais pesados na composição do esgoto, mas com esse estudo poderemos identificar e compreender outros fatores que impactam a qualidade de vida”, afirmou.
O prefeito de São Carlos, Netto Donato, celebrou o anúncio. “Esse era um compromisso meu com a população: unir Prefeitura e universidades em prol do desenvolvimento da cidade. Hoje, São Carlos, USP e Fapesp trabalham juntas para transformar o conhecimento em resultados concretos. É um dia de muita felicidade e um marco para o futuro da nossa cidade.”
O evento de apresentação dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento ocorre nesta quinta-feira, 23 de outubro, às 11h, no auditório do Paço Municipal (Rua Episcopal, 1575 – Centro), com a presença dos coordenadores e representantes das instituições envolvidas.
O evento contou com a presença do presidente da Câmara de São Carlos, Lucão Fernandes, dos vereadores Moisés Lazarine e Dé Alvin, de secretários municipais e representantes das universidades envolvidas nos projetos.