OPINIÃO | “Sozinha no avião”, por Mara Gabrilli

Ficar sem os outros passageiros no avião é uma situação comum para mim. Ao menos duas vezes por semana, quando chego em Brasília e quando desembarco em São Paulo, espero todos os passageiros desembarcarem para poder descer do avião. Fico acompanhada apenas por minha assistente pessoal e parte da tripulação da aeronave.

Minhas viagens são mais trabalhosas do que para a maioria das pessoas. Primeiro, preciso acordar mais cedo, pois o fato de não me mexer demanda mais tempo para tomar banho, me vestir, me arrumar.

Para que eu me sinta bem no resto do dia, porque o plenário da Câmara nunca tem hora para terminar, preciso movimentar meu corpo logo pela manhã e faço ao menos duas horas de exercício todos os dias.

Geralmente, as pessoas com deficiência são as primeiras a embarcar e, por isso, precisam chegar mais cedo no aeroporto. Sigo em minha cadeira até a porta do avião, onde um funcionário da companhia auxilia minha assistente pessoal a me carregar para um dos assentos da primeira fileira. Minha cadeira, então, é levada para o bagageiro.

No desembarque, espero a saída de todos os passageiros. É o momento em que fico “sozinha no avião”, enquanto aguardo que transportem minha cadeira do bagageiro até a porta da aeronave. Mais uma vez, sou carregada para a cadeira e, aí sim, posso realizar o desembarque.

Um vôo que dura, em média uma hora e meia, para mim leva ao menos uma hora a mais. Com o passar do tempo, as companhias aéreas têm aprimorado esses procedimentos de embarque e desembarque.

A maior espera, contudo, não pode significar tempo perdido! Com a correria do dia a dia, é nesse momento que aproveito para ler as notícias dos jornais e as mensagens de whatsapp. Afinal, meu instrumento de trabalho é o celular. Onde estiver, estou trabalhando!

Mara Gabrilli é deputada federal pelo PSDB de São Paulo

 

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