CPI DA FOSFO | Polêmica: teste com a fosfoetanolamina teria negligenciado protocolo

O imunologista e pesquisador do Instituto Butantan, Durvanei Augusto Maria, apontou falhas nos procedimentos iniciais do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) nos testes com a fosfoetanolamina, a conhecida pílula anticâncer. As informações foram confirmadas em audiência ao presidente da CPI da Fosfoetanolamina, deputado estadual Roberto Massafera.

Maria é auditor externo da pesquisa realizada pelo ICESP em parceria com a secretaria de Estado da Saúde e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O ICESP deveria testar a eficácia da fosofetanolamina no tratamento do câncer mas a pesquisa foi interrompida antecipadamente, em março.

 “Estamos coletando informações preciosas que vão nos ajudar a entender melhor as pesquisas feitas pelo ICESP e a sua interrupção. A expectativa dessa CPI é contribuir objetivamente para os avanços no tratamento de câncer no País”, declarou Roberto Massafera.

Em seu relato, Durvaney Maria afirmou que era necessário a realização de estudos farmacocinéticos com a fosfoetanolamina, “fundamentais para verificar o metabolismo da molécula no organismo”. Isso determinaria as quantidades de fosfoetanolamina que deveriam ser aplicadas em cada tumor.

Os auditores externos também não participaram da definição do protocolo final da pesquisa. “Nós acompanhamos apenas os prontuários dos pacientes, e em momento algum houve reuniões para discutir os resultados obtidos ao longo da pesquisa. Se não houve esses encontros, não haveria como ter resultados positivos”, explicou Maria.

Os cientistas teriam iniciado a audição apenas na segunda fase do estudo, quando os tipos de tumores e pacientes já haviam sido determinados e não era mais possível interceder nos métodos. O depoimento de Maria corrobora o de outra auditora externa da pesquisa. Em 14 de março, Bernadete Cioffi afirmou à CPI que sofreu cerceamento e também apontou falhas do ICESP em relação ao protocolo de pesquisa.

Eficácia 

Durvanei Maria é pesquisador do laboratório de bioquímica e biofísica do Instituto Butantan. Segundo ele, em observações e pesquisas com animais, a fosfoetanolamina alcançou resultados positivos. Nos seres humanos, os testes toxicológicos já estavam aprovados.

“A fosfoetanolamina é um composto importante que melhora a resposta imunitária, diminui os efeitos colaterais e pode impedir o crescimento tumoral que resultaria em formação de metástases”, afirmou.

A síntese da fosfoetanoalmina foi objeto de estudo do professor aposentado do Instituto de Química da USP de São Carlos, Gilberto Chierice. A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada pela Assembleia Legislativa de São Paulo tem a finalidade de apurar as razões que motivam o Estado a não realizar pesquisas para a liberação da substância no combate ao câncer. 

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