SÃO CARLOS | Azuaite faz alerta para necessidade de ações de prevenção a suicídio entre jovens

Em pronunciamento na sessão da Câmara Municipal nesta terça-feira (28), o vereador Azuaite Martins de França (PPS), fez referência a um artigo da psicóloga Rosely Sayão, publicado na atual edição da revista “Veja”, revelando que conforme dados publicados na imprensa, 22 jovens da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tentaram, no espaço de cinco anos, o suicídio. “Pressão é a palavra que melhor expressa o motivo da escalada de suicídio entre nossos jovens: pressão da família, pressão da escola, pressão financeira, expectativa de futuro, medo do fracasso, questões afetivas, relacionamento familiar bulying, questões relacionadas com a homossexualidade, álcool, solidão, drogas, depressão”, observou.

“As pessoas não se matam porque querem, as pessoas querem livrar se de uma dor oculta, que não provoca gemidos, provoca lágrimas; querem se livrar do vazio da alma e da ausência de sentido da vida”, acrescentou. “O suicídio é a quarta maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos, jovens em idade escolar. As estatísticas nos alertam que num único ano, 1 milhão de pessoas no mundo tiraram sua própria vida, um suicídio a cada 40 segundos, e para cada suicídio em média ocorrem 11 tentativas sem sucesso”. Segundo enfatizou, em janeiro de 2016 São Carlos registrou quatro suicídios em apenas 10 dias, todos por enforcamento.

Azuaite citou avaliação da psicóloga Bianca Gianlorenço, segundo a qual a família dificilmente percebe que alguém que vive na mesma casa passa por problemas que culminam em suicídio ou em uma tentativa. “Existem 3 fases depressivas: leve, moderada e crônica. A maioria dos casos envolve jovens de 15 a 25 anos, idade escolar, jovens que necessitam de todos nós, são jovens que estendem os braços desesperados a nos pedir socorro, vidas que se perdem por falta de atenção, percepção, prevenção muitas vezes de um sistema de saúde que os ignora”, afirmou o vereador.

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

“Realizamos nesta Câmara recentemente uma concorrida audiência pública em torno do tema violência escolar, mas não demos qualquer consecução àquilo que discutimos”, disse Azuaite. “Não houve nenhum saldo positivo de ação, de inovação, de providências para que a gente diminuísse ou pudesse vir a diminuir a violência nas escolas; não estabelecemos nenhuma estrutura, nenhuma política e por aí vemos que a questão da violência na escola é para ser discutida e resolvida na escola e por outras autoridades: policial, do Judiciário e tantas outras estruturas, mas o centro da questão é a própria escola”.

“Será que as escolas públicas estão providas de profissionais para fazer o devido  acompanhamento psicológico, para aconselhar e para identificar casos de falta de futuro, de falta de alma, de vazio, de busca de uma luz nesse túnel escuro e sem fim que muitos de nossos jovens atravessam?” indagou o parlamentar. “A violência física ou verbal é simplesmente momento de explosão, o suicídio é a implosão dos desesperados”.

“PEDIDO DE SOCORRO”

Azuaite declarou que a razão de seu pronunciamento na tribuna da Câmara é “fazer um grito de alerta para que se socorram aqueles que não gritam, aqueles que sofrem em silêncio, aqueles a quem até o ato de encomendar a alma depois de morto um dia já lhes foi negado”.  Depois de conclamar as pessoas a não julgarem as outras, o vereador citou os dizeres do poeta alemão Bertold Brecht acerca dos desencontros da vida: “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz quão violentas são as margens que o comprimem”. “Nós falamos da violência dos atos, mas primamos em desconhecer as condições que comprimem o ser humano”, declarou.

Azuaite declarou que sua fala acerca desse tema representa “um pedido de socorro de um humilde vereador para que as autoridades e para que os sistemas da cidade se preocupam com essa questão porque a escalada (do suicídio)  é cada vez maior e mais agressiva”.  “Não vejo políticas públicas eficazes para a prevenção dessa violência e quando ela não existe, quem esta matando essas pessoas, esses jovens, não é a própria mão que as enforca, disparam tiros ou provocam salto no abismo, não é o suicídio delas que as mata, somos nós que não as socorremos”, concluiu.

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