OPINIÃO | Séries e filmes: o quanto temos consumido?

Bruno Zancheta*

Se estivéssemos escrevendo este artigo em um passado não tão remoto, dizer que as “séries” cairiam no gosto do público brasileiro seria uma utopia. As séries são histórias contadas de forma fracionada através de episódios, divididos, na maioria das vezes em tempos igualitários. No dicionário: série é “quantidade de fatos ou coisas da mesma classe que se apresentam um após o outro, em sucessão espacial ou temporal”.

A última década representou um grande boom neste setor do entretenimento em nosso país. Com a melhora dos serviços da internet e os serviços de streaming e as mais variadas formas de download existentes, filmes e séries estão alavancando o consumo da internet entre os mais jovens. De acordo com dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 81% dos brasileiros que estão conectados acabam utilizando a internet para assistir filmes e séries dos mais variados temas e este número vem crescendo a cada ano. A partilha e o apressamento demandado pela dimensão tempo, tem induzido a um fracionamento da aquisição das informações, daí entrecortarem-se as histórias em capítulos sequenciais.

Paralelamente a tudo isso, o número de pessoas que são assinantes de canais pagos tem sofrido um decréscimo de forma significativa. A modalidade mobile vai tomando conta. Nos últimos anos, mais de 1 milhão de pessoas desistiram de canais por assinatura e dos 96% dos brasileiros que possuem televisão em sua residência, apenas 32% possuem TV a cabo, ainda segundo dados do IBGE- Instituto Brasileira de Geografia e Estatística.

O grande impulsionador do interesse brasileiro por séries e filmes ter crescido exponencialmente nos últimos anos e pode ser justificada por vários fatores, faço questão de pontuar os dois principais: a facilitação do acesso à internet e sua qualidade e a globalização mundial que nos coloca informações, em tempo real, na palma da mão. O acesso à internet seja através dos celulares, notebooks ou tablets tem se tornado cada vez mais acessível a toda população brasileira e isto com toda certeza é um facilitador para que possamos ver nossas séries e filmes favoritos. Mas, como estes filmes e séries chegam até nós? Através de valores culturais originários dos beneficiários da globalização! 

É bem verdade que a globalização tem seus prós e contras, mas um de seus principais pontos positivos é o compartilhamento de informações instantâneas com todas as bilhões de pessoas deste planeta. Das 10 séries mais assistidas no Brasil em 2019 e que foram lançadas neste respectivo ano pela plataforma Netflix, apenas duas delas são produções nacionais. É inegável que produções americanas e espanholas mais recentemente são o grande destaque neste top 10 graças ao investimento de suas produções, mas a propagação das informações e sua divulgação proporcionam que, La Casa de Papel, por exemplo, seja um sucesso mundial e tenha milhões de visualizações em um lançamento de trailer em poucos minutos. As séries ampliam nosso leque de conhecimento e tem caráter educacional, mas obviamente estão a exigir rígidos critérios de seletividade por todo público que assiste.  

Séries e filmes vieram para ficar e hoje são um dos preferidos temas de entretenimento para todos os brasileiros. Grupos são formados na espera de um lançamento de uma determinada série ou um filme e quando lançado as pessoas correm para “maratonar”. E aí, qual série ou filme vai começar a “maratonar” hoje?  

(*) O autor é Professor da Rede Estadual de Ensino, Cientista Político, Cientista Social e Antropólogo pela UFSCar- Universidade Federal de São Carlos. Graduando em História pela UNIP -Universidade Paulista, Assessor Parlamentar e apaixonado pela vida. É colunista dos sites: São Carlos Agora, Sucesso São Carlos, Região em Destake, São Carlos Dia e Noite, dos Jornais “Primeira Página”, “Gazeta Central” e da Revista Ponto Jovem. Idealizador e Coordenador da Ação Social “Unidos Somos Fortes”.