
Por Marco Strapazzon*
Há muito tempo que digo que o otimismo exagerado é tão maléfico quanto o pessimismo, pois tanto um como o outro nos tira a visão total da realidade do mundo em que vivemos. Na percepção mais realista, na qual vivo, pensava que esta pandemia duraria de dois a três meses, o que já seria uma fase difícil para todos nós. Nem na pior das hipóteses, imaginei que perderíamos um ano, aguardando a chegada de uma possível salvação.
No caso de nós, brasileiros, vejo a situação sendo agravada pela negação da pandemia, pela briga política, pela guerra ideológica, pela competição de egos inflados, pela disseminação de fake news, pela corrupção, pela certeza da impunidade e pela “invenção” de um amuleto milagroso capaz de curar uma doença desconhecida, que não sabemos sequer se foi criada em laboratório ou se começou com uma chinesinha indefesa que só queria degustar uma saborosa serpente ao molho de morcego. A discussão já passou por diversas fases e agora gira em torno das vacinas. Ainda não há comprovação de eficácia 100% de nenhuma delas, pois ainda estamos na terceira fase das pesquisas, mas já há gente fazendo campanha a favor ou contra elas e denominando-as como a vacina do fulano e a vacina do beltrano. Pois para mim, a vacina é da humanidade! Ela representa a vitória do mundo, através do trabalho incansável de cientistas de todo o planeta. Aos cientistas, aos voluntários, aos profissionais da saúde, à todos estes heróis sim, temos que tirar o chapéu. Vencer a tudo isso e ainda domar a ignorância é, ao meu ver, o maior dos desafios. A humanidade deveria, neste momento, estar unida, seja em oração, em vibração ou em pensamento, enviando energias positivas para a descoberta da vacina, seja ela qual for e de onde for, desde que comprovada sua eficácia pela ciência, pois é a vacina que livrará o mundo dessa pandemia. E isso irá acontecer! Eu acredito! Seja de Oxford, da China ou da Rússia. Seja importada pelo governo federal ou pelo governo de São Paulo. A doença existe, é séria e já tirou a vida de 90 mil brasileiros, 90 mil amores da vida de alguém. Por isso, temos que vibrar e focar na chegada dela.
O mundo vai se curar e fico imaginando o dia em que tudo isso passar. Não veremos UTIs vazias, pois outras doenças seguirão acometendo as pessoas. Será um dia de muita saudade e reflexão para milhares de famílias ao redor do mundo, que não terão consolo por seus familiares e amigos que não conseguiram esperar a chegada da cura. Mas será, também, o dia em que poderemos gritar que vencemos! Que fomos capazes de acabar com a pior crise sanitária da nossa geração. Será o dia em que nos encheremos de esperança, pois teremos a certeza de que o mundo venceu mais uma grande batalha. Será o dia dos reencontros, dos abraços calorosos, dos beijos apaixonados, dos olhares de ternura e dos gestos de amor. Será o dia do melhor almoço em família, do happy hour mais prazeroso com os amigos, da retomada ao trabalho. E como faz falta o nosso trabalho! Como será que iremos nos comportar ao apertar a mão do chefe, ao abraçar nossos colegas, ao pisar novamente em nossos palcos sagrados, em sorrir junto com o público! Que emoção viver esse reencontro de almas e corações tão calejados e machucados pelas feridas da pandemia. Será o dia de curarmos a carência do isolamento social e encontrarmos o bálsamo de um abraço sincero. Será o dia de esquecermos as desavenças nas redes sociais, de passarmos por cima das diferenças, de mostrarmos na prática que melhoramos como seres humanos, de passarmos a ver a vida com outros olhos, de aproveitarmos mais o que o mundo nos oferece, de desfrutarmos mais os momentos de paz com nossos filhos, de cuidarmos mais dos nossos pais, de amarmos mais nossos companheiros, de apreciarmos mais a natureza, de sentirmos prazer nas pequenas coisas.
Precisaremos ser fortes para curar as marcas e as dores deixadas por este tempo de angústias e incertezas. Tenhamos um pouco mais de paciência. E que chegue logo o dia mais feliz das nossas vidas!
(*) o autor é diretor de mídia e ilusionista do Circo Tihany
Foto: Ligiane Braga