Instituto de Medicina Tropical, órgão vinculado à USP, analisou amostras de pacientes com Covid-19 enviadas pelo Sesa; nova variante é mais transmissível e agressiva
O Instituto de Medicina Tropical, órgão vinculado à USP (Universidade de São Paulo), confirmou nesta sexta-feira (12) que cepas do coronavírus encontradas em Manaus (AM) e no Reino Unido foram identificadas em pacientes positivados para Covid-19 em Araraquara. A nova variante do vírus é mais transmissível e agressiva.
Nesta semana, o Sesa (Serviço Especial de Saúde de Araraquara) enviou amostras de pacientes araraquarenses para análise do instituto da USP, pois havia a suspeita de que uma nova cepa do vírus pudesse estar na cidade. Suspeita que agora foi confirmada.
Em transmissão ao vivo pelo Facebook, o prefeito Edinho comunicou a notícia para a população e afirmou que a Prefeitura tomará medidas mais duras para intensificar o isolamento social e diminuir o ritmo de contaminação.
Nesta sexta, Araraquara bateu novo recorde de pacientes internados (184), de pessoas infectadas em quarentena domiciliar (713) e de média móvel de casos diários (123,5). Fevereiro, em apenas 12 dias, já é o mês com o maior número de óbitos pela Covid-19, com 25 mortes, superando as 24 registradas em janeiro.
“Pelo histórico da pandemia desde março de 2020, nós estranhamos a velocidade das contaminações aqui em Araraquara e a agressividade do vírus, a forma como os pacientes evoluíam. Sabemos que houve um relaxamento do distanciamento social, muita gente viajou, muitas festas familiares de final de ano ocorreram, e tudo isso ajudou no processo de contaminação, mas a doença demonstrava uma característica diferente”, disse Edinho.
“Graças ao Sesa, amostras foram coletadas e remetidas ao Instituto de Medicina Tropical da USP. A doutora Ester Sabino, uma das maiores infectologistas do nosso País, a primeira pesquisadora a isolar o coronavírus no Brasil, nos deu a devolutiva dizendo que a cepa de Manaus circula na nossa cidade, bem como a cepa do Reino Unido”, complementou o prefeito.
Essa informação será remetida para o Instituto Adolfo Lutz, laboratório da saúde pública do Estado de São Paulo, para que o Governo do Estado seja oficialmente notificado, mas Edinho já fez contato com o governador João Doria (PSDB), com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, e com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Agravamento mais cedo
Em entrevista nesta semana, a secretária de Saúde, Eliana Honain, havia explicado a diferença de comportamento da pandemia neste início de ano.
“Houve um aumento da transmissão e das complicações da doença, com crescimento no número de internações e agravamento mais rápido em pessoas mais novas”, explica Eliana.
O agravamento da pandemia e o aumento de internações pressionaram o sistema público e privado de saúde de toda a região, o que levou a Prefeitura e a Fungota a ampliarem os leitos de enfermaria no Pronto-Socorro do Melhado, contratarem mais profissionais de saúde e ampliarem a produção de oxigênio no hospital de campanha para conseguir receber mais pacientes.
Medidas mais duras
Na transmissão ao vivo desta sexta, Edinho anunciou que, junto com a equipe de secretários, está trabalhando na elaboração de novo decreto municipal com endurecimento das medidas de isolamento social.
“Essa informação nova só agrava o quadro em que estamos vivendo. Isso exigirá um sacrifício maior para conter a contaminação de uma mutação do vírus extremamente agressiva. Precisamos aumentar nosso rigor no distanciamento social. Nossa capacidade de internação está sendo testada todos os dias, chegando próximo do colapso de atendimento, com a Prefeitura ampliando leitos todos os dias. Mas a notícia da circulação das mutações do vírus exigirá de nós maior rigor e, da sociedade, maior sacrifício para que a gente não perca o controle no enfrentamento à doença, para que os nossos pacientes tenham leitos”, declarou.