ARTIGO: A Ilusão da Novidade: Quando o novo não representa mudança

Paulo Melo*

Nem sempre o novo representa mudança. A novidade pode ser apenas uma variação superficial do que já conhecemos, sem alterar de fato a essência das coisas. Muitas vezes, o novo surge embalado em promessas de transformação, mas na prática, mantém os mesmos padrões e estruturas. Mudança real exige mais do que apenas uma nova aparência; requer uma reavaliação profunda e um esforço contínuo para romper com o passado e construir algo verdadeiramente diferente.

Por exemplo, no mundo corporativo, um novo gestor pode ser contratado com a promessa de inovação e melhoria. No entanto, se ele continuar a utilizar as mesmas estratégias e táticas do seu antecessor, a empresa permanecerá estagnada. O mesmo pode ser observado em outras áreas, como na política, onde novos candidatos podem ser eleitos, mas sem uma visão diferente ou ações concretas, as mudanças prometidas nunca se materializam.

Além disso, a tecnologia frequentemente nos oferece novos dispositivos e aplicativos que parecem revolucionários à primeira vista. No entanto, muitos desses avanços são meras melhorias incrementais de tecnologias existentes, sem provocar uma transformação significativa na forma como vivemos ou trabalhamos.

Portanto, é crucial que sejamos críticos e analíticos ao recebermos algo novo. Precisamos perguntar: “Isso realmente traz uma mudança significativa?” e “Como isso desafia e altera as estruturas e paradigmas existentes?” Somente através dessa reflexão podemos distinguir entre a verdadeira inovação e a mera novidade. Assim, evitamos a armadilha de confundir o novo com a mudança, buscando sempre o progresso genuíno e substancial.

 

(*) O autor é jornalista [Mtb 87176/SP] e diretor geral do portal Região em Destake