A reforma tributária, que deve entrar em vigor em janeiro de 2026, foi o tema central do encontro “Conexão Paulista – Reforma Tributária”, realizado nesta quinta-feira (10) no auditório do Paço Municipal de São Carlos. Promovido pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon-SP) em parceria com a Prefeitura Municipal, o evento reuniu contadores, gestores públicos e representantes de entidades de classe para discutir os efeitos da nova legislação sobre o ambiente empresarial e o equilíbrio das finanças públicas.
O presidente do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRC-SP), João Carlos Castilho Garcia, destacou que o período de transição — que vai até 2033, com a convivência de dois sistemas tributários — exigirá um intenso processo de adaptação. “A convivência com dois sistemas impõe uma sobrecarga operacional e exige reaprendizado. O profissional contábil terá de revisar desde a precificação até o fluxo de caixa dos clientes”, afirmou.
Já o presidente da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), Márcio Shimomoto, ressaltou a complexidade do novo modelo, que substituirá tributos atuais pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). “A forma de apuração muda, e isso exige tempo para adaptação. O controle da arrecadação será descentralizado, o que impacta diretamente a contabilidade pública”, explicou.
Para Antônio Carlos dos Santos, presidente do Sescon-SP, o momento requer mais do que atualização técnica. “Estamos apagando o que existia e construindo um sistema novo. O contador é o elo entre o contribuinte e o fisco, e precisa estar preparado para orientar seus clientes com precisão. É um processo de desaprender para reaprender”, disse, destacando que a reforma tende a trazer desburocratização e eficiência ao ambiente de negócios.
O presidente da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), Rodrigo Spada, apresentou projeções otimistas para São Carlos. Com a mudança da base de arrecadação — que passará a considerar o consumo local em vez da produção — o município poderá registrar um aumento de 5,04% na receita em dez anos. “A cidade consome mais do que produz, e isso será refletido positivamente na arrecadação. Mas é preciso atenção: empresas que não se adaptarem podem enfrentar problemas de compliance e precificação”, alertou.
O secretário municipal de Fazenda, Leonardo Orlando, ressaltou que a Prefeitura está se preparando para o novo cenário. “A reforma tributária representa uma mudança estrutural que exige preparo técnico e visão estratégica. Temos trabalhado com antecedência para compreender os impactos da nova legislação e garantir uma transição segura e responsável”, afirmou.
Encerrando o evento, o prefeito Netto Donato reafirmou o compromisso da administração com a capacitação técnica e o diálogo entre poder público e setor contábil. “São Carlos já vem se preparando para essa virada de chave. O evento amplia esse esforço e fortalece o diálogo entre o poder público e o setor contábil. Estaremos sempre abertos a iniciativas que promovam conhecimento e adaptação”, declarou.























