
PAULO MELO
Na manhã desta quarta-feira (22), o Primeira Página no Ar, da São Carlos FM, recebeu o médico Cláudio Simas para uma entrevista especial sobre o Outubro Rosa, campanha de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Ao lado dos jornalistas Ivan Lucas e Paulo Melo, o médico abordou temas fundamentais da saúde da mulher e fez um apelo pela responsabilidade compartilhada entre pacientes e o poder público.
Simas iniciou explicando que o câncer de mama também pode atingir homens, embora represente apenas 1% dos casos. “O homem precisa se conhecer, se tocar. Quando ele apresenta ginecomastia — aquele aumento da glândula mamária — o risco aumenta em até 50%. Então, é preciso atenção”, alertou. O médico destacou que a prevenção e o diagnóstico precoce são decisivos, já que a taxa de cura chega a 95% quando a doença é detectada no início.
Durante a entrevista, o especialista explicou que o Ministério da Saúde reduziu a idade mínima recomendada para o exame de mamografia de 50 para 40 anos, devido ao aumento de casos em mulheres jovens. “Antigamente, o câncer de mama era mais comum após os 50 anos. Hoje, vemos mulheres de 30, 35, com diagnósticos. Por isso, a mamografia a partir dos 40 é fundamental”, afirmou.
Segundo ele, o autoexame não substitui a mamografia, mas ajuda a mulher a conhecer o próprio corpo. “A mulher deve levantar o braço, colocar atrás da nuca e palpar toda a mama. Se notar algo diferente, deve procurar o médico. Mas o exame que realmente detecta alterações precoces é a mamografia, não há substituto para ela”, reforçou.
O médico destacou que o câncer de mama está relacionado a diversos fatores, como alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade, tabagismo, alcoolismo e estresse. “A industrialização dos alimentos e o estilo de vida moderno têm contribuído muito. O corpo humano responde a esses estímulos. A prevenção envolve cuidar da alimentação, praticar atividade física e abandonar vícios como o cigarro e o álcool”, afirmou.
Ele também alertou para a importância da amamentação, que reduz o risco do câncer de mama, e para a influência da menopausa precoce e do histórico familiar. “Quando há casos de mãe, filha ou irmãs com câncer de mama, a atenção deve ser redobrada. A hereditariedade é um fator importante”, disse.
Em tom crítico, Cláudio Simas revelou um dado preocupante: em setembro, mais de 800 consultas foram perdidas apenas na UBS da Vila São José, onde atua. “As pessoas agendam e não comparecem. É um desperdício de recursos públicos e uma falta de empatia. Poderiam avisar para que outra pessoa fosse atendida no lugar. A fila está enorme”, relatou.
Além do câncer de mama, o médico destacou o câncer de colo de útero, causado pelo vírus HPV, e reforçou que todas as mulheres devem realizar o exame de Papanicolau anualmente. “O Outubro Rosa é sobre o cuidado integral. Não é só a mama, é o corpo inteiro. As mulheres precisam fazer exames ginecológicos, checar colesterol, diabetes, tireoide e até vitamina D, que influencia o humor e o metabolismo”, explicou.
Simas lembrou ainda que o exame preventivo pode ser feito não apenas por ginecologistas, mas também por médicos de família e enfermeiras treinadas. “As enfermeiras das UBS de São Carlos são muito capacitadas. Fazem o Papanicolau com excelência”, elogiou.
Encerrando a entrevista, o médico deixou uma mensagem de esperança e responsabilidade. “Vamos cuidar das nossas mulheres, das nossas mães, filhas, esposas e irmãs. O câncer de mama é curável quando descoberto cedo. Cuidar é um ato de amor.”
Os apresentadores agradeceram a presença do médico e já confirmaram seu retorno em novembro, para falar sobre o Novembro Azul, campanha de prevenção ao câncer de próstata e à saúde integral do homem.
Um gesto de solidariedade
Ao final da entrevista, Cláudio Simas revelou um projeto social que também realiza: a Festa de Natal Comunitária, marcada para o dia 21 de dezembro, um domingo, com o objetivo de atender cinco regiões periféricas de São Carlos — São Carlos VIII, CDHU, Gonzaga, Aracy e Santa Felícia. “Vamos distribuir 10 mil brinquedos, além de pipoca, algodão doce e atrações com dois helicópteros. O Natal é das crianças, e queremos levar alegria para todas elas”, contou o médico, destacando a ajuda de torcidas organizadas e voluntários.
Ouça a entrevista na íntegra: