POLÍTICA | Gilberto Chierice, criador da fosfoetanolamina, fala à CPI da Alesp

O pesquisador aposentado do Instituto de Química da USP de São Carlos, Gilberto Chierice, criador da síntese da fosfoetanolamina, foi ouvido ontem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de São Paulo que investiga as pesquisas realizadas com a substância pelo ICESP (Instituto de Câncer do Estado de São Paulo).

Sob a presidência do deputado estadual Roberto Massafera, a sessão foi realizada ontem (20) e sua finalidade é apurar se os testes realizados com a fosfoetanolamina pelo ICESP obedeceram aos protocolos aprovados. A CPI também apura como foram gastos os recursos públicos investidos pelo Estado.

O professor Gilberto Chierice afirmou que nunca foi consultado para a elaboração do protocolo de pesquisa e garantiu que só tomou conhecimento do formato do estudo por meio de uma cópia enviada através dos Correios.

Chierice também alertou que o estudo teria que ser registrado na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o que não teria sido feito. Ele confirmou que houve “não conformidades” no processo de encapsulamento da fosfoetanolamina pela FURP de Guarulhos.

A sessão de ontem também ouviu as médicas Cristina Rose Gomes e Sandra Guminette. Elas integraram a equipe de auditores externos constituída para acompanhar o estudo do ICESP com a fosfoetanolamina.

Cristina Gomes enfatizou que a realização de estudos farmacocinéticos, determinantes para se chegar a dosagem correta da substância, constavam do protocolo de pesquisa mas não foram realizados. Ela defendeu que os estudos sejam anulados e que seja feito um novo planejamento.

A segunda depoente, Sandra Guminette, também criticou o protocolo adotado e as cortes formadas. Ela apontou que houve grupos de tumores onde apenas um paciente foi incluído. Apenas a corte de colo retal contou com 21 pacientes conforme o que estava estabelecido no protocolo de pesquisa.

O deputado Roberto Massafera avaliou que as informações obtidas indicam que o houve falhas no estudo. O parlamentar enfatiza que os procedimentos adotados no encapsulamento da fosfoetanolomina sintética pela FURP não seguiram normas e rotinas industriais, não permitindo a rastreabilidade exigida nestes estudos, o que contribuiu para a existência das falhas verificadas.

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